Nascido em Buenos Aires, na Argentina, a 17 de dezembro de 1936, Jorge Mario Bergoglio adotou o nome de Francisco quando eleito, na Capela Sistina, Bispo de Roma e Soberano da Cidade do Vaticano a 13 de março de 2013.
Doze anos depois, mais precisamente há dois dias, a 21 do corrente mês, o Universo acordou, definitivamente, mais pobre com a notícia de que o 266º Papa da Igreja Católica havia sido vítima de um acidente vascular cerebral e de uma paragem cardíaca irreversível. O facto de ter sido o Sumo Pontífice com mais idade a liderar a Igreja Católica em sete séculos contribuiu decididamente para os vários problemas de saúde que o foram afetando, sobretudo, neste último ano. O declínio da sua saúde era evidente e uma preocupação constante. A 18 de fevereiro, foi-lhe diagnosticada uma pneumonia bilateral, tendo permanecido, em internamento, durante 38 dias com um quadro de bronquite no hospital Gemelli, em Roma. Com aparentes melhorias, Francisco teve alta hospitalar a 23 de março e chegou, inclusive, a falar naquela que viria a ser a sua última aparição pública no Domingo de Páscoa perante a Praça de São Pedro, antes de falecer na manhã do dia seguinte, o que deixaria o Mundo em choque, já que reinava a esperança de que o Papa de "todos e por todos" recuperasse em pleno.
Em luto, cristãos e não cristãos, foram magoados no seu âmago pela perda de uma grandeza mui própria personificada pelo próprio Papa Francisco sem nunca sequer tê-la ambicionado. Uma grandeza divina transmitida por Deus e reconhecida pelos muitos que o admiravam na sua humildade e simplicidade, no amor fraterno que nutria pelos seus irmãos e irmãs, na preocupação com os pobres e com os imigrantes, sendo ele próprio filho de pais italianos, na sua abordagem menos formal e elitista ao papado do que seus antecessores, na abertura da Igreja a todos, uma Igreja de “portas abertas”, na sua indiscritível fé na misericórdia de Deus, na defesa de causas justas, dos fracos e oprimidos e um guerreiro de ideias e convicções na luta contra os conflitos bélicos que matam, indiscriminadamente, vítimas inocentes entre mulheres, idosos e crianças, fosse na Ucrânia ou na Palestina.
O primeiro Pontífice argentino, das Américas e do Hemisfério Sul foi o primeiro em muitas coisas, abrindo caminho para outros que, eventualmente, se seguirão. Foi o primeiro Bispo de Roma a ser membro da Companhia de Jesus (Jesuítas), o primeiro pontífice não europeu em mais de 1.200 anos e o primeiro papa a utilizar o nome de Francisco.
Respeitado por um sem fim de motivos, foi elogiado por muitos, em particular, pelo seu combate aos abusos sexuais por membros do clero católico, tornando obrigatórias as denúncias e responsabilizando quem as omite. Outra marca indelével do seu papado foi o compromisso com o diálogo inter-religioso. Exemplo disso foram as palavras enlutadas do arcebispo de Constantinopla e Patriarca Ecuménico da Igreja Ortodoxa. “Que a tua memória seja eterna, irmão Papa Francisco", afirmou Bartolomeu I, em reação à morte do Papa Francisco, agradecendo o esforço do seu "irmão" pela efetiva aproximação entre a Igreja Católica e a Ortodoxa, esperando que a mesma prossiga com o sucessor de “Franciscus”. "Lembrar-nos-emos sempre dele", testemunhou o patriarca, expressando gratidão pelo posicionamento do “amigo” em relação ao diálogo e à unidade das Igrejas.
Enquanto braço direito de Deus na Terra, personificava a vontade imaculada do Senhor, transmitindo o verdadeiro exemplo de honestidade e perseverança, sendo sobejamente conhecido pelas relações próximas que cultivava, pelo seu sorriso fácil e pela sua boa disposição, nomeadamente, entre os jovens. Essas "conquistas" e memórias deixam saudades e são as saudades e o sentimento de perda de um grande Homem que colocava a Humanidade em primeiro lugar que tem feito com que “las calles” se inundem com rios de lágrimas sentidas. "Só" por ter sido quem foi e não só por aquilo que representava, eternas filas com milhares de fiéis e peregrinos se apressam, por estes dias, na calçada da Piazza San Pietro, para aquele que será o último adeus ao já saudoso Papa Francisco, cujo corpo repousa, em paz, neste preciso momento, na Basílica, onde decorrerá o funeral a 26 de abril, após os três dias de velório.
Com o Vaticano em sede vacante, o funeral do Chefe máximo da Igreja Católica antecederá o conclave da sucessão, previsto para o próximo mês, em data definida pelos cardeais da Santa Sé.
FOTOGRAFIA: Mazur/catholicnews.org.uk