“Código Aberto” de Silvestre Pestana encontra-se em exposição no Centro de Arte Contemporânea Graça Morais.
Patente até ao dia 20 de junho, a mostra artística reúne trabalhos como “Sufoco Virtual”, "Sociedade Aberta", "Bio-Virtual", "Águas Vivas" ou "Neurónios", realizados entre 1982 e 2020, ao longo de distintas fases da vida artística daquele que é considerado como “uma das figuras mais radicais da arte contemporânea portuguesa”.
Nascido na capital do Arquipélago da Madeira, em 1949, Silvestre Pestana divide-se entre a poesia e a arte visual que usa, magistralmente, através da mescla singular de luzes de néon, cores expressivas e sons dramáticos.
Assumidamente, um artista criticamente irreverente, o funchalense é, desde finais dos anos 1960, um cidadão do mundo, descrito, frequentemente, como um artista à frente do seu tempo, que procura chamar a si o futuro e cuja arte atrai novos e velhos pela linguagem implicitamente tecnológica das suas criações, assumidamente, vanguardistas.
Através da fotografia, da escultura, da instalação de equipamentos eletrónicos e informáticos, do vídeo e da performance, Silvestre Pestana lança um olhar introspetivo de análise das relações entre a sociedade, a arte e a tecnologia para destacar a sempre implícita relação entre o homem e a máquina, entre o real e o virtual, evidenciando, comummente, algumas das preocupações sociais, políticas e tecnológicas inspiradas nos quatro cantos do mundo.
“É sempre um desafio fazer uma exposição e dar-lhe um nome”, confidencia Silvestre Pestana no vozeirão que o carateriza, até porque se trata de “uma exposição que reúne obras desde os anos 80 até hoje”. No entanto, “quando escolhemos a noção de código aberto estamos a dizer que para aqueles que queiram apreciar e aprofundar os elementos e o entendimento da compreensão, estes não estão escondidos, mas sim disponíveis”, sumariza o autor afavelmente controverso, que se estreia na capital de distrito com uma exposição em seu nome.
A primeira grande apresentação da sua obra teve lugar em 2016 no Museu de Arte Contemporânea de Serralves
Presente na inauguração de “Código Aberto” esteve o autarca brigantino, cujo apoio às artes tem sido mais que evidente ao longo dos seus dois mandatos.
“É a continuação da aposta do município na cultura, primamos sempre pela qualidade e neste equipamento cultural de referência, que é o Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, temos a felicidade de podermos ter aqui uma exposição deste nível, do artista Silvestre Pestana, que nos mostra aqui o que é o real e o virtual e esta ligação tão próxima, mas que nós próprios, hoje, conseguimos, praticamente, acompanhar no nosso dia a dia”, sustenta Hernâni Dias, que confessa já ter abraçado o facto “da nossa vida ser ela própria feita desta correlação entre o real e o virtual”.
Visivelmente satisfeito pela reabertura dos equipamentos culturais, o edil sublinhou o facto de esta ter sido a primeira exposição a inaugurar no período pós-confinamento. “Desde há muito tempo que não tínhamos esta oportunidade de proporcionar às pessoas a visita a uma exposição e, portanto, continuamos com esta vontade de fazermos mais e melhor, mas, ainda, com algumas restrições e a ver se conseguimos voltar à normalidade e com estas exposições trazermos mais visitantes para o nosso território”, evidencia Hernâni Dias, sempre na ótica de promoção, não só da cultura como, também, do próprio território.
FOTOGRAFIAS: BMF