“Um sucesso chamado Festival D'ONOR”. Assim descreveu o evento, em jeito de balanço, o diretor do mesmo, David Vaz, que através da Associação Montes de Festa, entidade responsável pela organização do festival, tudo tem feito para contrariar a obliteração dos costumes e das tradições do Nordeste Transmontano, inspirando, inclusive, os mais novos, a seguir os passos dos seus antepassados.
O Festival d`Onor, que se orgulha, no seu âmago, de intensificar a cooperação transfronteiriça e o património cultural de duas nações distintas, mas unidas de facto por uma história comum e um passado secular, marcou a edição de 2024, que decorreu de 19 a 21 de julho, com um programa intenso, vasto e eclético, através do qual se celebrou a música, a dança, o folclore e a gastronomia, num ambiente familiar de festas intemporais que, todos os anos, em crescendo, atrai pequenas multidões de amantes de um tempo bem passado.
Em três dias de festa rija, o mais difícil é destacar uma só ou várias iniciativas. Talvez se evidencie o “Baile do Gaiteiro”, uma sessão improvisada de música e dança com músicos profissionais e amadores, a “Ronda Cultural e das Adegas”, que percorreu as diferentes ruas das aldeias, acompanhada por grupos musicais originários de ambos os países; “Música no Rio”, que aconteceu nas margens do rio, junto à Ponte Antiga de Rio de Onor, onde atuaram os saudosos “Odores de Maria” e as “Cantigas D’Onor”, numa clara residência artística organizada por músicos brigantinos que comemora o folclore regional em canções tradicionais que narram histórias passadas locais.
Ao palco subiram as “Músicas da Raya”, “Sebastião Antunes” e “José Manuel Tejedor”, naquele que foi descrito como um concerto colaborativo. Noites de requisitada afluência, permitidas pelo tempo ameno, pelo ambiente contagiante e pela promessa real de diversão constante, proporcionada por “Stereossauro”, “Bicho Carpinteiro”, “Slamtype” e “Batucada”.
Este evento aconteceu na aldeia comunitária raiana do concelho de Bragança, banhada por um rio afluente do Sabor, que nasce na Serra da Culebra, separada, somente, por uma linha imaginária que divide Portugal e Espanha e que só existe no mapa e não na mente dos habitantes que nela vivem ou daqueles que, por instantes, a visitam. São, de facto, duas aldeias, mas um só povo, uma só família. Em suma, duas aldeias numa só. Do lado de cá, a Rio de Onor portuguesa e do lado de lá, a Rihonor de Castilla, onde, durante 72 horas, música e cultura proliferaram em abundância, numa aldeia que é ela própria uma pincelada perfeita de beleza artística pela natureza que a envolve.