Polícia Judiciária detém dois médicos e sete agentes funerários em Bragança

Foram detidas nove pessoas por “crimes de recebimento indevido de vantagem, corrupção, falsificação de documento e falsidade informática”, no âmbito da operação “Rigor Mortis”, anunciou hoje a Polícia Judiciária (PJ), que desde ontem desencadeou uma ação policial em várias localidades do Município de Bragança que envolveu a realização de 29 buscas domiciliárias e não domiciliárias.

Os nove detidos, seis homens e três mulheres com idades compreendidas entre os 38 e os 67 anos, são suspeitos da autoria dos crimes de recebimento indevido de vantagem, corrupção, falsificação de documento e falsidade informática.

Um dos delegados de saúde detidos, José Moreno, exerce, atualmente, as funções de presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Bragança e é há vários anos o diretor clínico do Grupo Desportivo de Bragança, sendo, ainda, membro da Assembleia Municipal e presidente da Assembleia Geral da Santa Casa da Misericórdia local. Já a outra médica detida, que também exercia funções de delegada de saúde, é Cristina Raposo

De acordo com o coordenador da PJ de Vila Real, os delegados de saúde "recebiam como contrapartida uma vantagem económica que lhes era paga através dos agentes funerários", não fazendo aquilo que lhes competia que era deslocarem-se ao terreno aquando de uma morte. "O que acontece, neste caso, é que as autoridades de saúde, apesar de estarem obrigadas a fazê-lo, não se deslocam ao terreno, não veem os cadáveres, não fazem aquilo que deviam fazer, que era a verificação da morte, com a análise das causas que determinaram a morte", adiantou António Trogano à Comunicação Social, sublinhando o facto de que ao não verificarem o cadáver e se as causas da morte eram "naturais, se resultou de um acidente ou, então, se resultou mesmo de um ato ilícito, ou seja, da intervenção de terceiros" os detidos podem, eventualmente, ter ajudado ao encobrimento de crimes.

O coordenador da PJ classificou, ainda, a situação como "muito grave porque o princípio da segurança no sistema de saúde é posto em causa".

 

De acordo com a PJ, os médicos envolvidos terão certificado a morte de centenas de pessoas à distância, a maioria das quais idosas que viviam nas aldeias, sem apurar se havia ou não indícios de crime.

 

A investigação teve por objeto a averiguação da intervenção de dois médicos que, enquanto autoridades de saúde (delegados de saúde), terão emitido e entregue a agentes funerários várias dezenas de certificados de óbito e respetivas guias de transporte de cadáveres, sem praticarem os atos médicos que lhes competia legalmente e mediante contrapartida financeira”, refere a PJ, em comunicado.

As detenções foram realizadas pelo Departamento de Investigação Criminal de Vila Real com a colaboração da Diretoria do Norte, em inquérito dirigido pelo Ministério Público – DIAP do Porto.

De referir, ainda, que os detidos serão, hoje à tarde, presentes às Autoridades Judiciárias competentes no DIAP do Porto para interrogatório judicial e aplicação das medidas de coação tidas por adequadas.

PJ

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