Teve lugar esta sexta-feira, dia 20 de setembro, a inauguração de duas exposições completamente distintas na Capital de Distrito. em dois locais emblemáticos da cidade de Bragança
A primeira, “O Têxtil na Arte”, patente no Centro Cultural Municipal Adriano Moreira, trata-se de uma pequena, mas representativa, extensão da Bienal de Arte Têxtil Contemporânea, a Contextile 2018.
De acordo com um dos responsáveis, o diretor-geral Joaquim Pinheiro, a mostra artística visa a promoção da arte têxtil contemporânea e o reconhecimento dos territórios de cultura têxtil, nomeadamente, o distrito de Bragança, que foi, recorda, uma zona privilegiada de sericicultura e indústria têxtil no século XVIII, na qual trabalharam cerca de 300 mil pessoas só em Trás-os-Montes.
A exposição, que que pode ser visitada até ao dia 16 de novembro e que conta com, sensivelmente, vinte peças, integra trabalhos de artistas como Ana Fernandes, Carolina Sales Teixeira, Cláudia Melo (Menção honrosa na Contextile 2012), Colectivo XP, Isabel Quaresma, Joana BC, Krista Leesi (Prémio ASM 2018), Leni van Lopik, Luísa Ferreira, Rute Rosas e Xai.
Já mais ao final do dia, seguiu-se a inauguração de uma outra exposição, desta feita no Centro de Fotografia Georges Dussaud. O seu autor, já conhecido do público brigantino, por ter adotado a região como sua ao decidir mudar-se de armas e bagagens para Trás-os-Montes, explicou a génese deste trabalho intitulado “Património da Humanidade na bacia hidrográfica do Douro”.
Sob a chancela da fundação luso-espanhola Rei Afonso Henriques, que requisitou este trabalho ao conceituado fotógrafo português, as 40 imagens guiam-nos durante uma viagem “de mais de três mil quilómetros e três meses depois”, ao longo dos quais António Sá captou alguns dos locais mais belos da bacia hidrográfica do Douro classificados como Património Mundial pela UNESCO, entre os quais Atapuerca, Las Médulas, Catedral de Burgos, Ávila, Segóvia, Salamanca, Vale do Côa/Siega Verde, Alto Douro Vinhateiro e os centros históricos do Porto e Guimarães. “E a exposição está organizada da nascente até à foz”, refere o entrevistado, sublinhando que se percorrermos a sala num determinado sentido, começamos em Espanha para acabar no Porto, “onde o rio se encontra com o oceano”.
A exposição sequente foi inaugurada pelos chefes de governo de Portugal e de Espanha durante a XXV Cimeira Ibérica, realizada no Porto, recorda o multipremiado fotógrafo nacional, cuja exposição itinerante tem percorrido vários pontos da Península Ibérica.
Com honras de abertura como é habitual em eventos culturais relacionados com o Município, marcou presença em ambas as exposições o edil brigantino, um apoiante confesso das artes.
“Esta exposição que hoje inaugurámos sobre o têxtil na arte vem no seguimento de Bragança ter sido já um grande centro, nomeadamente, na produção de cera, acabando por trazer à memória toda esta produção importantíssima que existia à época”, começa por sustentar Hernâni Dias, confidenciando que espera que esta mostra possa "estimular em algum momento o retomar de um passado" em que Bragança região era um grande centro de produção têxtil e não somente de consumo.
Após sublimar a arte e o engenho inerentes à indústria têxtil, sobretudo, no que tem a ver com o reaproveitamento de materiais, o autarca da Capital de Distrito dirigiu o seu enfoque para a segunda exposição do dia, elogiando o trabalho “absolutamente notável” desenvolvido ao longo dos últimos anos pelo fotógrafo António Sá. “Trata-se, no fundo, de ficarmos sensibilizados para todo este património da humanidade que nos rodeia através da lente de um fotógrafo que nos proporciona uma visão diferente daquela que teríamos nós”, expressa o presidente da Câmara Municipal de Bragança, para quem o Douro “será sempre um elemento muito importante de atratividade para o território”. No entanto, adverte, “aquilo que poderia ser uma verdadeira oportunidade, poderá em determinados momentos não o ser”. Isto porque, segundo Hernâni Dias, está-se a "confinar a circulação dos turistas a certas áreas", não se procurando impulsionar a região como um todo. Apesar de positivo, falta neste projeto, admite o edil, uma visão mais ambiciosa e unificadora que potencie o desenvolvimento económico de todo o território e não de, apenas, alguns concelhos.