Ministério Público de Mirandela acusa cinco detidos na operação “Semente em Pó”

O Ministério Público deduziu acusação contra cinco dos seis detidos na operação “Semente em Pó” que, em junho, desmantelou uma alegada rede de tráfico de droga a operar no Norte do país, a partir de Mirandela.

O despacho de acusação, a que a Lusa teve hoje acesso, visa quatro homens e uma mulher, três dos quais são de Mirandela, no distrito de Bragança, um de Vila Nova de Gaia, distrito do Porto, e outro de Boticas, distrito de Vila Real.

O grupo, com idades entre os 32 e os 56 anos, é acusado dos crimes de tráfico de estupefacientes, detenção de arma proibida e tráfico e mediação de armas.

Os acusados são um empresário, uma engenheira e um agricultor de Mirandela, um porteiro de Vila Nova de Gaia e um mecânico de Boticas.

Dos cinco acusados, quatro encontram-se em prisão preventiva (três homens e uma mulher) e o Ministério Público pede que seja mantida esta medida de coação, alegando que os fundamentos da mesma “saem reforçados com a dedução da acusação”.

Para o quinto arguido são pedidas medidas de coação de apresentações duas vezes por semana às autoridades da área de residência, proibição de contactos com os outros arguidos e testemunhas e afastamento de locais conotados com o tráfico de droga.

O Ministério Público arrola quase 80 testemunhas e pede que, durante o julgamento, em data ainda por marcar, os arguidos saiam da sala de audiências, “considerando os constrangimentos e receios que as testemunhas consumidores podem apresentar, de forma a garantir um depoimento livre e consonante com a verdade”.

No despacho da acusação, é pedido que sejam dados como perdidos a favor do Estado os bens e material apreendidos.

A alegada rede de tráfico de droga teria base em Mirandela, no distrito de Bragança, e foi desmantelada numa operação policial denominada “Semente em Pó”, realizada durante dois dias em vários concelhos do Norte do país para dar cumprimento a cinco mandados de detenção, nove mandados de buscas domiciliárias e a 15 mandados de buscas em veículos, anexos e estabelecimentos.

Nesta operação foram também aprendidas 500 doses de cocaína, 26 de haxixe, 40 de canábis folhas, 63 plantas e sementes de canábis, quatro balanças de precisão, outro material relacionado com o tráfico de droga, além de mais de cinco mil euros em dinheiro, duas viaturas, armas de fogo e munições, bastões, catanas e material informático, entre outro.

A ação das autoridades foi coordenada pelo Núcleo de Investigação Criminal de Mirandela da GNR no âmbito de uma investigação que decorria há cerca de dois anos, que terá permitido identificar “uma rede organizada de tráfico de estupefacientes que se dedicava à aquisição de cocaína, nos distritos do Porto e Vila Real”.

A investigação apurou que o produto adquirido nestes distritos “era tratado, acondicionado e enterrado em locais ermos do concelho de Mirandela para ser revendido a consumidores dos concelhos de Mirandela, Valpaços, Vila Flor, Chaves e Boticas”, como divulgou naquela ocasião a GNR.

Paralelamente a essa atividade, o grupo cultivava plantas de canábis, aproveitando locais em que a vegetação não permitia detetar a presença das mesmas, procedendo à sua secagem e embalamento em armazéns, no concelho de Mirandela, para posteriormente a vender aos consumidores”, segundo a fonte.

A operação envolveu grupos e forças especiais da GNR de vários pontos do país e contou ainda com o apoio da PSP.

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