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Médico atesta que Giovani Rodrigues não tinha sinais de espancamento no corpo

O médico que assistiu Giovani Rodrigues no hospital de Bragança atestou que o jovem cabo-verdiano apresentava apenas a lesão na cabeça que lhe causou a morte, sem mais sinais de espancamento no corpo.

O médico Rui Terras Alexandre testemunhou esta quarta-feira, dia 28 de junho, no julgamento em que sete jovens de Bragança são acusados do homicídio do jovem por, segundo a acusação, o terem espancado caído no chão, na madrugada de 21 de dezembro de 2021, com paus, soqueiras, cintos, pontapés.

O profissional, que estava na urgência do Hospital de Bragança na madrugada em que deu entrada Giovani, foi confrontado pelo procurador, que representa a acusação no julgamento, com o facto de que “seria de esperar outro tipo de lesões”, ao que o médico respondeu que “não havia sinal disso”, de espancamento.

O jovem apresentava, segundo o relato do clínico, apenas a lesão na cabeça, que veio a confirmar-se um traumatismo cranioencefálico grave, que lhe provocou a morte 10 dias depois, num hospital do Porto, para onde foi transferido devido à gravidade do ferimento.

O médico garantiu que o jovem foi totalmente examinado e sujeito a exames, como Tomografia Axial Computorizada (TAC), que confirmaram “a hemorragia interna na cabeça, sem mais lesões” no resto do corpo.

Na Urgência também não foram encontrados outros sinais externos de ferimentos, além de “escoriações ligeiras na zona frontal da cabeça”, correspondentes ao traumatismo cranioencefálico, e “sangue, muito pouco”, segundo o médico.

O médico explicou que o tipo de lesão que o jovem cabo-verdiano apresentava “é frequente em quedas em altura, agressões, acidentes de viação”.

Segundo disse, em caso de queda, este tipo de lesão surgem em regra de alturas superiores a dois metros, mas não excluiu a possibilidade de resultar da tese da defesa dos arguidos, de uma queda numas escadas durante a contenda, dependendo da “velocidade a que corria”.

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O médico disse ainda que não foi informado, na altura dos factos, das alegadas agressões e que a vítima deu entrada na Urgência de Bragança com a indicação dos bombeiros, que a socorreram, da suspeita de um traumatismo na cabeça grave.

Disse ainda que na mesma madrugada um dos amigos de Giovani esteve no hospital e não se queixou ou apresentava qualquer ferimento.

Giovani Rodrigues, de 21 anos recém-chegado à região de Bragança para estudar no politécnico, foi encontrado por um casal, que alertou um carro patrulha da Polícia, caído e inconsciente na Avenida Sá Carneiro.

O pedido de socorro foi para um caso de intoxicação, concretamente um caso de excesso de álcool. O relatório da autópsia revelou que tinha 1,59 de álcool no sangue.

Só depois da morte, a 1 de janeiro de 2020, é que o caso foi associado por amigos do jovem a desacatos entre um grupo de cabo-verdianos, com quem estava Giovani, e um grupo de portugueses.

A desavença terá começado num bar de Bragança entre um dos cabo-verdianos e um português e continuou na rua, sem que nas várias sessões que o julgamento soma desde fevereiro se tenha esclarecido ainda o que aconteceu.

A única evidência é a existência de um pau na contenda, que nunca apareceu, e com o qual a acusação diz que Giovani foi atingido na cabeça, enquanto as defesas dos arguidos têm alegado que o ferimento pode ter resultado de uma queda numas escadas.

A autópsia não é conclusiva, apontado que o traumatismo que provocou a morte ao jovem cabo-verdiano pode ter resultado de causa acidental ou homicida.

Os sete jovens de Bragança, que se encontram no banco dos réus, estão acusados de homicídio qualificado consumado em relação a Giovani Rodrigues e homicídio qualificado na forma tentada em relação aos outros três cabo-verdianos do grupo.

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