Numa colaboração com o Câmara Municipal de Vinhais, o Museu do Abade de Baçal apresenta já amanhã, 14 de agosto, a exposição temporária "Fábulas", a partir de um conjunto de ilustrações de Almada Negreiros para o livro homónimo de Joaquim Manso. A mostra, composta por 54 desenhos originais a tinta-da-china provenientes da coleção do Museu do Abade de Baçal, ficará patente até ao dia 27 de outubro.
Com desenhos de Almada Negreiros que, desde jovem, se dedicou ao desenho de humor, tendo-se, no entanto, destacado, em particular, na escrita interventiva e literária, a mostra artística estará aberta ao público a partir de quarta-feira em Vinhais, mais precisamente na Sala do Relógio do Centro Cultural Solar dos Condes.
Mas comecemos com um pouco de história do século passado... Corria o ano de 1936 quando Joaquim Manso, fundador e diretor do “Diário de Lisboa”, apresentou a obra “Fábulas”. Publicada através da editora Bertrand, trata-se da narração de uma série de fábulas, na senda de Esopo, escravo e contador de histórias da Grécia Antiga, que contava com um trabalho gráfico de qualidade, da responsabilidade de Luís de Montalvor e aprimorado por um conjunto de ilustrações de Almada Negreiros. Desse conjunto, em Vinhais, serão apresentados 49 desenhos originais a tinta-da-china, mais cinco outros, já mais tardios, criados na década de 1940, e que correspondem a um conjunto de alegorias, representando elementos e personalidades, como sejam o romantismo, a civilização, o jornalismo, Dostoiewski ou Raul Brandão.
"Estas obras remetem para um período criativo em que Almada Negreiros se interessa predominantemente pelas artes gráficas e visuais, o qual antecede algumas das suas grandes produções. Artista multifacetado, os desenhos que aqui se apresentam, de uma grande modernidade, permitem não apenas perceber a mestria de Almada Negreiros no domínio da ilustração, captando com grande delicadeza o conteúdo das Fábulas de Joaquim Manso, mas também conhecer um pouco melhor as técnicas ligadas ao trabalho gráfico, especialmente visíveis através do conjunto de negativos que resultam em impressões a duas cores que servem de separadores na publicação", pode ler-se na sinopse da exposição, que sublinha o facto desta se tratar de "uma oportunidade única de, através do recurso à fantasia e ao moralismo, sempre presente neste tipo de narrativa, conhecer uma faceta menos aparente do trabalho do grande mestre Almada Negreiros".