De 29 de setembro a 7 de outubro, Bragança volta a assumir-se como o “epicentro da música erudita”, naquela que será a terceira edição do Bragança ClassicFest, que conta com o Alto Patrocínio do Presidente da República.
Um evento que, segundo a organização, combina “com maestria e excelência, música e património histórico e arquitetónico”, contando, para o efeito, com músicos nacionais e internacionais de renome.
Outro facto relevante que vale a pena destacar é que o Festival Internacional de Música não acontecerá somente dentro das paredes da grande sala do Teatro Municipal de Bragança, mas os seus sons propagar-se-ão, também, pelas igrejas de São Francisco, da Sé e de Santa Maria, difundindo a cultura por espaços tão distintos e improváveis quanto solenes e intimistas.
Já amanhã, a 29 de outubro, o teatro acolherá, em estreia absoluta na cidade capital de distrito, a Orquestra Sinfónica do Principado das Astúrias que tem como Presidente Honorário o Rei de Espanha e que com os seus mais de 70 elementos permitir-se-á conduzir duas obras-primas da música erudita sinfónica, a Quinta Sinfonia de Beethoven e a Nona Sinfonia de Dvořák.
De um programa, “de qualidade indescritível” e que inclui a celebração do Dia Mundial da Música, a 1 de outubro, outros artistas de craveira internacional como a violinista Esther Hoppe e o violoncelista Christian Poltéra com os seus Stradivarius, instrumentos de valor incalculável, na ordem dos muitos milhões de euros, interpretarão a excelência dos seus antepassados como Bach, Mozart e Tchaikovsky. Destaque, ainda, para o primeiro solista da Orquestra de Paris, o clarinetista francês Pascal Moraguès, para a solista da Orquestra Nacional de Santa Cecília de Roma, a flautista portuguesa Adriana Ferreira ou a soprano russa, Julia Muzychenko.
O Bragança ClassicFest encerrará, a 7 de outubro, com o concerto “A Grande Fantasia”, composto pelo francês Camille Saint-Saëns, em 1886, e que contará com escritos humorísticos de António Mega Ferreira, narrados por Jorge Vaz de Carvalho.
Para além dos espetáculos, que nas edições de 2021 e 2022 esgotaram na totalidade, haverá Encontros, Masterclasses e Ensaios Abertos, onde conceituados músicos irão partilhar experiências e conhecimentos, naqueles que serão, certamente, momentos únicos com artistas e estudantes da região.
De acordo com a vereadora da Cultura, Educação e Ação Social, as "salas cheias, edição após edição" só servem para confirmar a "programação de excelência" do Bragança ClassicFest e que esta é uma "aposta ganha". "Na primeira edição, tivemos alguma relutância neste projeto e foi um bocadinho a medo que o efetivámos, mas, de facto, logo a edição de estreia revelou que este era o caminho e que temos público na cidade para fazermos um evento desta dimensão dirigido à música erudita e à música clássica", declarou Fernanda Silva, na Igreja de S. Francisco, no dia em que o festival foi apresentado à comunicação social.
Já o diretor do teatro fala em "oportunidade única" para os amantes da cultura, mencionando que o teatro, enquanto entidade, está empenhado num processo de criação e fidelização de público. João Cristiano Cunha acredita que, à semelhança das edições anteriores, as salas esgotarão, até porque, "quando os espetáculos têm qualidade, as pessoas respondem de forma bastante positiva".
Na apresentação do Festival Internacional de Música, esteve, também, o diretor artístico Filipe Pinto-Ribeiro, que destaca o "grande reportório", os "grandes músicos" e os "grandes solistas" de um festival que, segundo o próprio, procura "esbater as barreiras que existem com a música clássica e erudita", já que "muitas as pessoas pensam, ainda, que é elitista" quando, na verdade, "se resiste à passagem do tempo é porque tem de ter, primeiro, qualidade e, depois, abrangência para passar de época para época, de geração em geração", testemunha o entrevistado, para quem "essa é a riqueza da música clássica, talvez a mais popular de todas as músicas ou aquela que mais perdura no tempo".
