TURISMO A NORDESTE: Uma réstia de esperança!
Os autóctones não se iludem, salvo alguns corajosos e teimosos que acreditam que a "seiva" que lhes alimenta a alma, esse saudosismo, os torna nos arautos de um território perdido!
Estrategicamente, acredito na sustentabilidade turística deste canto, onde sempre acreditei que o mundo acabaria!
E o mundo começou: a geodiversidade dos primórdios da nossa existência.
Sim! Este mesmo universo onde se situam o famigerado "umbigo do mundo" e o "monte maldito".
Poissss! Uma riqueza geológica ímpar.
A Pangea: dois continentes (Gondwania e Laurentina) e um oceano (Rheic).
Aqui mesmo, no âmago da autenticidade que os urbanos nunca tiveram oportunidade de vivenciar, moram odores e sensações únicas!
Recordo com saudade o comboio a vapor que subia o Tua, lançando fumarada negra e um apitar agudo que anunciava a passagem para o "reino maravilhoso" e o odor das estevas que marcavam o território como seres vivos primários e únicos.
Aqui corre aquele que, porventura, foi apelidado de o último rio selvagem da Europa e que interesses de monopólios, que em nada beneficiam o território, o NOSSO território, vieram usurpar, destruindo ecossistemas, destruindo a pureza e o equilíbrio ambiental.
O Sabor perdeu espécies piscícolas autóctones e ganhou novas espécies predadoras e proliferadoras que põem em causa o equilíbrio fluvial do nosso mundo aquático.
Os pescadores que em espaço privilegiado usufruíam de uma atividade lúdica relaxante e de convívio, abandonaram as margens do rio.
Os monopólios surgem como "serial killers" dos nossos ecossistemas! Que interesses servem estes assaltantes do "nosso íntimo" espaço!
Esta sustentabilidade quebrada, revolta ainda mais porque aqueles que por aqui resistem e herdeiros dos bravos defensores das nossas áridas fronteiras nunca, mas nunca, vislumbraram o retorno económico que significaria a margem que vai da sobrevivência à desertificação.
Não se esqueçam senhores do poder de que esta terra que sustenta Portugal em tantas vertentes, como a energética, a agrícola e a mineira, em trinta anos se desertificará!
Não nasce gente!
O débil saldo demográfica vai-se mantendo à custa de reformados e do aumento da esperança de vida e se 2/3 da população possam por cá andar mais 30 anos, imaginem o panorama desolador em 2050!
Talvez estejamos a ombrear com qualquer uma ilha remota do planeta.
Mas apesar da catástrofe ecológica ainda creio que possamos criar soluções alternativas, uma vez que o turismo cinegético está a dar os últimos suspiros, talvez enveredar pelo turismo natureza, pelo turismo enológico, o turismo desportivo (pedestrianismo, montanhismo, ciclismo de montanha, parapente entre outros...) e a essência da terra, os produtos autênticos, não manipulados, que a mãe terra nos oferece.
Temos potencial de procura, temos que ser criativos e trabalhar em rede (networking)!
Temos tradições ancestrais, costumes e rituais pagãos/cristãos únicos! Estes atraem curiosos ávidos de participar na animação como acontece com o Entrudo Chocalheiro e os Caretos que trazem no Inverno cerca de 40.000 visitantes ao território animando a economia, comprando alojamento, restauração e produtos endógenos genuínos e tradicionais.
Temos pérolas a explorar: o Geoparque e seus 42 geossitios, a reserva da Biosfera, a Albufeira protegida do Azibo...
Mas cautela! A sustentabilidade deste espaço circunscrito começa a ser posta em causa com os mais de 300.000 visitantes na época balnear que saturam o espaço e congestionam a reserva de água e condicionam o equilíbrio ambiental.
Temos a responsabilidade de o acautelar!
Sustentabilidade económica!
Sobrevivência da raça!
Mas com consciência ecológica!
Preservemos o nosso território de Terras de Trás-os-Montes.
Lutemos pelo desenvolvimento sustentado e racional.
Urge a regionalização mais do que nunca!
O poder e a decisão tem que morar com os que cá vivem e sentem o território como seu!
"Ubi bene, ubi patria"
Amemos as nossas raízes, amemos a nossa Terra.
Dedicatória à Kapital do NordestE
Ao Bruno desejo que neste novo projeto desafiante, consiga trazer uma lufada de ar fresco na forma como se faz jornalismo na nossa região.
Estou ciente de que a inovação e a criatividade irá pautar a sua informação por um estilo frontal, justo e isento.
Pela minha parte posso assumir o compromisso de colaborar sempre com o intuito de promover a região e defender os nossos interesses e valores.
Desejo as maiores felicidades e sucesso para este interessante e sério projeto!
O Presidente da Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros
Benjamim Rodrigues