O coordenador da Polícia Judiciária (PJ) de Vila Real especificou hoje que há 14 suspeitos de tráfico de armas entre os 52 detidos no âmbito da Operação Ibéria, que desmantelou uma rede que atuava na região Norte.
A operação, desencadeada na terça-feira, culminou uma investigação que estava a ser desenvolvida há vários meses pelo Departamento de Investigação Criminal de Vila Real.
No total, foram detidas 52 pessoas, 50 homens e duas mulheres com idades compreendidas entre os 27 e os 80 anos, que são suspeitas da autoria dos crimes de tráfico e mediação de armas, detenção de arma proibida, tráfico de estupefacientes e corrupção.
O coordenador da PJ de Vila Real, António Trogano, disse que, entre os detidos, há 14 que são suspeitos de tráfico de armas, sendo os restantes, na sua maioria, alegados consumidores.
“Podemos falar de um conjunto de grupos que se encontravam minimamente organizados e que tinham relações entre si (…). Ou seja, temos traficantes que comercializam e temos os consumidores das armas”, salientou.
Os alegados 14 traficantes, que são suspeitos “pela disseminação das armas”, vão ser ouvidos esta tarde no Tribunal de Instrução Criminal do Porto e os alegados consumidores foram ouvidos pelos magistrados titulares nas várias comarcas, ainda na terça-feira, tendo-lhes sido aplicado o Termo de Identidade e Residência (TIR) e apresentadas propostas de “suspensão provisória do processo na medida em que se colaborassem com a investigação”.
Entre os detidos há pessoas de várias profissões, algumas ligadas à venda lícita de armas, e ainda um polícia que desempenha funções em Chaves, no distrito de Vila Real.
Hoje, em comunicado, a PSP explicou que suspendeu de funções o agente da divisão policial de Chaves que foi alvo de uma busca domiciliária, na qual foi apreendido armamento ilegal, e confirmou ainda a abertura de um procedimento disciplinar.
António Trogano afirmou que a PJ de Vila Real tem feito uma grande aposta na investigação ao crime de tráfico de armas, que disse ter “um caráter altamente perigoso, danoso para a sociedade” na medida em que “alimenta outro tipo de criminalidade”, e explicou que, neste território, existem “taxas relativamente elevadas” de crimes, por exemplo, homicídios ou homicídios tentados.
O coordenador acrescentou que “esta logística (armas), ao ser disponibilizada pelos traficantes no chamado mercado negro, ou mundo subterrâneo, permite que depois toda a outra criminalidade se desenvolva”.
“Se nós atalharmos neste tipo de criminalidade estamos necessariamente a provocar consequências na criminalidade que está a jusante”, frisou.
No âmbito da investigação, foram apreendidas “dezenas de milhares de munições de diversos calibres, várias metralhadoras e centenas de outras armas dos mais diversos calibres, como caçadeiras, carabinas, pistolas, revolveres e armas elétricas, ainda três quilos de produto estupefaciente, milhares de euros em dinheiro e viaturas automóveis”.
Entre o material apreendido está também equipamento usado para a transformação e adaptação de armas.
A Operação Ibéria envolveu 300 elementos da Polícia Judiciária que realizaram mais de 200 buscas domiciliárias e não domiciliárias nos distritos de Vila Real, Bragança, Porto, Braga e Viana do Castelo.
“[A operação] Foi designada de Ibéria exatamente pelos fluxos que existem entre o território espanhol e o português e os fluxos são de ambos os lados, tanto vêm de Espanha como também vão de Portugal para Espanha”, esclareceu António Trogano.
A operação foi desencadeada no âmbito de um inquérito tutelado pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) do Porto e contou com a colaboração da GNR e PSP.