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O ressuscitar de Vilarelhos no regresso do PAN com três dias de cultura inclusiva

Durante três dias, a aldeia de Vilarelhos, no concelho de Alfândega da Fé, foi a anfitriã do Encontro e Festival Transfronteiriço de Poesia, Património e Arte de Vanguarda em Meio Rural – PAN.

Com 24 artistas portugueses e espanhóis, esta é uma das iniciativas mais aguardados pela aldeia transmontana, não só pelo movimento que acarreta, atraindo turistas de toda a Ibéria, mas, também, pelos benefícios que proporciona à economia local.  

E este é já é o quarto ano em que o PAN acontece em Portugal, desde 2015, realizando-se pelo segundo ano consecutivo em Vilarelhos.

Neste festival, tudo é voluntariamente cedido pelos habitantes da aldeia. ”É o ganho económico e a divulgação que a aldeia estava a precisar, sendo uma aldeia de interior", refere a presidente da Junta de Freguesia de Vilarelhos, Célia Alcarva, que evidencia a disponibilidade da população, não só na confeção dos pratos durante os dias do festival, mas, inclusive, na disponibilização de 70 camas para os visitantes e participantes do festival transfronteiriço, que reúne poesia, património e arte no meio rural.

"Temos que o fazer com as pessoas, mesmo a cultura não queremos que seja elitista", defende a edil alfandeguense, Berta Nunes, que salienta a estreita colaboração com o outro lado da fronteira e a relação de amizade que se tem vindo a estabelecer entre os dois municípios, Alfândega da Fé e Morille.

"São para nós como amigos, é como se viéssemos a nossa casa", afirma o diretor do PAN, Manuel Sánchez. Para o, também, alcaide de Morille, Salamanca, berço do PAN corria o ano de 2003, "é importante criar laços com este lado da fronteira", justificando, assim, a escolha do Fundão como próximo destino para o PAN, dando, no entanto, a certeza que o festival regressará a Alfândega da Fé. “A relação de amizade com Vilarelhos e com Berta Nunes está criada e consolidada, agora é estabelecermos outras relações de amizade”, adianta o responsável, para quem “todas as relações têm de ser cuidadas”, estabelecendo um paralelismo com as relações amorosas. 

De facto, ao longo de 17 anos, o PAN tem vindo a crescer, solidificando a sua posição e a sua importância como festival de fronteira, que se assume orgulhosamente diferente dos demais pelo seu conceito de eco arte que procura reanimar os meios rurais que, atualmente, sofrem com a doença do despovoamento. E o intuito do PAN é, precisamente, esse, aproximar povos e culturas, através da arte, de forma a todos sentirem que não estão sozinhos. E esta é a mais rica manifestação artística que a autarca de Alfândega da Fé procura incutir no seu legado, um não abandonar das aldeias de interior, levando-lhes cultura, música e poesia e fazendo crer aos transmontanos a verdade, que a arte é para todos, não descrimina, é inclusiva e pode bem representar a diferença entre o esquecimento das pequenas localidades e o repovoar, não de pessoas, mas de ideias.

Em 2020, mais um PAN, mais uma aldeia do interior, bem próxima da fronteira. E de aldeia em aldeia, se difunde a cultura pelos meios pequenos, mostrando que não só nos grandes centros é possível ter acesso à arte, pois o PAN trá-la consigo, onde quer que vá.

Para terminar, resta dizer que, em Morille, o Encontro e Festival Transfronteiriço de Poesia, Património e Arte de Vanguarda em Meio Rural terá lugar entre os dias 19 e 21 de julho, naquela que será, certamente, mais uma iniciativa a não perder.

 

TEXTO: Leandra Lícia & Bruno Mateus Filena

FOTOGRAFIAS: BMF

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