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Vigília em Bragança pela eliminação da violência contra as mulheres com fraca adesão

Uma vigília pela eliminação da violência contra as mulheres foi hoje organizada em Bragança com pouca adesão, mas com a convicção da organização de que será possível mobilizar a comunidade local para estas causas com mais iniciativas.

O Núcleo Antifascista de Bragança quis assinalar na cidade transmontana, como aconteceu noutras localidades do país, o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres, promovendo uma vigília na Praça Camões.

Pouco mais que uma dúzia de pessoas aderiu à iniciativa promovida pela organização criada há dois anos em Bragança e que congrega sete elementos.

Tatiana Pinto faz parte do Núcleo e, enquanto porta-voz, disse aos jornalistas que “preocupa bastante” a falta de mobilização da população local à iniciativa divulgada nas redes sociais e com cartazes espalhados pela cidade.

Talvez a pessoas estejam convencidas de que não é um problema ou que não há muita resolução possível, que as coisas vão continuar a ser assim”, considerou.

Tatiana estuda no politécnico de Bragança, frequentado por nove mil estudantes, e diz que “há bastantes jovens que se importam e que querem participar, mas vão sempre às suas terras no fim de semana e nem sempre conseguem estar presentes”.

Acredita, contudo, que “as pessoas vão começar a aderir mais”, quando o Núcleo fizer mais iniciativas, e “vão começar a deixar de ter medo de dar a cara por estas iniciativas”.

A vigília de hoje foi a segunda iniciativa desta organização, depois de ter participado na marcha LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgénero) nesta cidade.

No evento foram acesas 22 velas, o número de mulheres mortas este ano em Portugal, recordados os nomes das vítimas e lido um manifesto.

VELAS

A organização só tinha dados relativos ao distrito de Bragança dos casos que chegaram, no ano de 2021, à APAV (Associação Portuguesa de Apoio à Vítima”, e que são “inferiores a dez”.

A organização de referência dos casos de violência doméstica na região é, contudo, o Núcleo de Apoio à Vítima da Associação de Socorros Mútuos dos Artistas de Bragança (ASMAB), que dispõe, inclusive de um Centro de Acolhimento de Emergência.

Só por este centro de emergência passaram 94 mulheres e 57 menores, desde que abriu em 2018 até ao final do ano de 2021, segundo dados da entidade responsável.

A porta-voz do Núcleo Antifascista de Bragança considera que, além dos números conhecidos, “há muitos casos que não são registados e ocorrências em que são feitas queixas, mas depois não há ação por parte das forças policiais”.

Porque muitas vezes ouvimos falar que já foram feitas queixas e só quando a mulher é morta ou acontece alguma coisa mais grave é que de facto há ação, há investigação sobre os casos”, afirmou.

Tatiana Pinto ressalvou que esta realidade “não é só em Bragança, mas como é um meio mais rural e muito mais conservador é importante chamar a atenção sobre este assunto”.

Segundo disse, a missão do Núcleo “não é só feminista, também é contra a discriminação racial, a favor dos direitos LGBT

A nossa preocupação aqui, como é um meio mais conservador, é fazer com que as pessoas tenham a mente mais aberta, perceber o que é que existe em Portugal, qual é a nossa cultura, o que é que as pessoas que são violentadas sentem e o que é que podemos fazer para que isso não aconteça tão frequentemente”, referiu.

Nos próximos tempos, os elementos do Núcleo Antifascista de Bragança pretendem fazer uma marcha a 8 de Março, o Dia Internacional da Mulher e no 25 de Abril pelo simbolismo da data para Portugal e para o movimento.

VELA

FOTOGRAFIAS: Tatiana Pinto

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