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Uma autêntica Mulher do Norte

Celmira Macedo - Um exemplo de Mulher

Nomeada: Celmira Macedo
Naturalidade:  Angola
Data de Nascimento:29-09-71
Funções: Fundadora/Presidente da Associação Leque e CEO Fundador da EKUI
 
ENTREVISTA:
 

Kapital do NordestE (KNE): Docente, doutorada, escritora, empresária, vencedora de vários prémios e com um currículo tão admiravelmente extenso quanto a luta que lidera pela inclusão de pessoas com necessidades especiais. Com toda a sua experiência adquirida ao longo de anos enquanto representante do género feminino e promotora da igualdade, acha que as mulheres têm hoje as mesmas oportunidades que os homens?
 
Celmira Macedo (CM): Sinceramente? Acho que não. Acho que as mulheres ainda têm que trabalhar o  dobro para provar que valem o mesmo. A sociedade em que vivemos e onde fomos educados continuar a dar ao homem o papel do “Alfa”. Isto cria uma quebra de expetativas entre a forma como nós estamos a ser educadas e como com isso vamos conquistando a nossa autodeterminação e independência e a forma como os homens foram educados. Hoje competimos com eles em tudo e não acredito que muitos homens estejam preparados para nos ver a assumir esses papéis.

 
KNE: Nunca houve uma “presidenta” da República. Se isso acontecesse, acredita que as coisas em Portugal poderiam ser diferentes, para melhor?
 
CM: Não sou fundamentalista ao ponto de achar que por ser mulher ou homem, os cargos possam ser desempenhados melhor ou pior. Sei sim e estudos científicos comprovam isso, que as mulheres são mais sensíveis a determinado número de assuntos e têm maior capacidade de realizar várias tarefas ao mesmo tempo, o que num caso de chefia pode ser uma mais-valia.

 
KNE: Como é que a Celmira analisa as mulheres no poder? Serão elas mais astutas? Serão elas mais responsáveis? No fundo, serão elas mais capazes do que os homens?
 
CM: Serão igualmente capazes. Só têm de lhes dar oportunidade de o provar...
 
 
KNE: Apesar de muitas vezes desempenharem as mesmas funções que os homens, o salário das mulheres continua a ser inferior no desempenho do mesmo tipo de trabalho. Como é que sente essa diferença?
 
CM: Não sinto porque sou professora e aí a tabela é a mesma e não recebo ordenados de mais lado nenhum, já que o trabalho que realizo na Leque e no EKUI são voluntários. Mas sei que é, infelizmente, uma realidade no nosso país. Uma realidade francamente injusta, desajustada e bafienta, tal como a mentalidade de quem o pratica!
 
 
KNE: Atualmente, já há muitos casos em que são os homens a cuidar do bebé enquanto a mulher vai trabalhar, a limpar a casa, a cozinhar… Até há homens que são amas de profissão. Estaremos nós a assistir a uma completa inversão de papéis?
 
CM: Não acho, acho que caminhamos para uma sociedade em que cada um se sente confortável para fazer aquilo em que é feliz e isso é talvez a maior riqueza que o estado democrático nos deu.

KNE: Há um ditado que diz, por detrás de um grande homem está uma grande mulher. Será que, agora, fará mais sentido dizer por detrás de uma grande mulher está um grande homem?

CM: Correção: Ao lado de um grande homem está uma grande mulher.

 

KNE: Poder-se-á traçar um paralelismo entre a luta pela igualdade feminina durante séculos e a luta que agora lidera pela inclusão de pessoas com necessidades especiais?

CM: Com certeza, tal como as mulheres também as pessoas com deficiência tiveram e têm de lutar muito para ver ser respeitados os seus direitos na sociedade.

 

"O que é ser normal? Comer alheiras ou ser vegetariano? Andar de burka ou de minissaia? Bater em mulheres ou respeitá-las, depende da sociedade onde estamos inseridos, certo?"

 

KNE: Acha que irá chegar o momento em que os deficientes serão considerados pessoas ditas “normais” pela mesma sociedade que tantas vezes os descrimina?
 
CM: Essa é a minha luta e a luta de milhares de pessoas neste país. As pessoas com deficiência são pessoas normais, até porque a normalidade não existe. O que é ser normal? Comer alheiras ou ser vegetariano? Andar de burka ou de minissaia? Bater em mulheres ou respeitá-las, depende da sociedade onde estamos inseridos, certo? Com as pessoas com deficiência é o mesmo, Apenas necessitam de um conjunto de recursos para conseguirem funcionar num determinado contexto. A sociedade sim é anormal ao não pensar na diversidade. Dou um exemplo: o braille, a língua gestual e as acessibilidades deviam ser uma realidade normalizada. Pensada para todos! Todos num momento ou outro da nossa vida precisamos de uma rampa: ou uma mãe quando empurra um carrinho de bebé, ou alguém que, temporariamente, anda de muletas ou um idoso.

 

KNE: Para terminar, acha também que as mulheres chegarão a um ponto em que terão os mesmos direitos que os homens e dividirão com eles, em número igual, as cadeiras do poder? Se sim, para quando esse dia?
 
CM: Claro que acho, até acho que alguns homens têm receio que esse dia chegue, mas, infelizmente, não será por agora. Caminhamos nesse sentido, mas há ainda um longo caminho a percorrer…

 

A geração de MULHERES que foi educada para ser o que o homem NÃO quer!

 

"Li há uns dias um artigo com um titulo semelhante e o tema ficou-me a ecoar na alma. Na verdade o assunto diz-me particularmente, ao ponto de me motivar a tecer algumas considerações sobre ele, e também porque hoje se comemora o DIA DA MULHER!
 
À medida que “cresço” e tomo consciência da mulher que hoje sou e do papel que desempenho como tal, percebo o peso e as consequências que este papel acarreta na sociedade em que vivo (ou vivemos).
 
Já alguma vez pensaram nas representações que estão ainda ligadas ao papel da mulher na sociedade e qual o pensamento cultural coletivo do que espera que ele seja ou desempenhe?
 
Os exemplos são vários: Para começar somos uma minoria em cargos de chefia! Precisamos de colocar cotas para ocupar lugares na vida política! Os Salários pagos a mulheres são manifestamente mais reduzidos para o desempenho das mesmas funções? Temos pior: Muita gente ainda acha que se os dois trabalham, alguém tem de ficar no sofá porque está cansado (ELE) e alguém terá de desempenhar as tarefas de cozinhar, tratar dos filhos/as e da casa (ELA).
 
O interessante disto tudo é que, aos poucos e com a natural evolução da sociedade, nos vão “ensinando” que isto tem de mudar, que temos de ter voz e que temos de lutar pela tão apregoada e quimérica igualdade de género e equidade no acesso às oportunidades.

O que poderia ser um facto extraordinário, não passa de um presente quase envenenado, pois transforma essas mulheres lutadoras naquilo que os homens não querem ou pelo menos naquilo que não foram habituados ou educados a querer: mulheres autónomas, independentes, senhoras de si e das suas vontades.
 
Vá sejamos sinceros/as. O que idealiza um homem quando pensa na mulher dos seus sonhos para sua companheira? Será que se imagina com uma esposa dedicada ou com aquela que se farta de trabalhar e ainda quer estudar para subir na carreira e com isto tem pouco tempo para lhe fazer o jantar e lavar as meias?
Ou ainda com aquela que depois do trabalho quer tomar um café com as amigas para desanuviar e não tem tempo para passar as camisas do querido como a mamã fazia?
Ou talvez com aquela que pura e simplesmente não precisa do companheiro para lhe garantir autonomia financeira, decidindo onde e quando gastar os seus rendimentos e o seu tempo. Tudo piora  quando é ela a garantir o sustento da casa, o que acaba por lhe fragilizar a autoestima!
 
Será que o homem sonha com a esposa que sabe bem o que quer ou o que não quer, segura de si o suficiente para não querer depender dele, nem de ninguém?

A geração de MULHERES que foi educada para ser o que o homem NÃO quer!
Texto escrito por Celmira Macedo, publicado por ocasião do Dia Internacional da Mulher

 

O psicoterapeuta Oswaldo Rodrigues Junior, diretor do Instituto Paulista de Sexualidade (Brasil), defende que os homens normalmente foram e ainda são socialmente educados (eu diria programados) para serem os “cuidadores” e a pensar que vão encontrar uma mulher que precisará deles e será submissa. A mulher independente trará naturalmente inseguranças ao homem colocando em dúvida a sua “capacidade masculina de cuidador”. Este tipo de MULHERES tornam-se para estes cavalheiros demasiado assustadoras!
 
Amiga, se você é uma mulher autónoma e independente, saiba que faz parte da tal geração de mulheres que foi educada a ser o que o homem não quer!
O que aqui está em causa é a quebra de expectativas entre a forma como nós fomos  sendo educadas, e como com isso vamos conquistando a nossa autodeterminação e independência e a forma como os homens foram educados.
 
Quer queiramos quer não, fazemos parte da geração que foi criada para conquistar o mundo, e ainda bem! Fomos desde cedo incentivadas a estudar, trabalhar, a viajar e, acima de tudo, a construir a nossa independência, da mesma forma como foram educados os rapazes ao longo de gerações (Ruth Manu). Mas o pior segundo esta autora é que ninguém se lembrou de avisar esses rapazes que as suas futuras mulheres estariam ao nível deles!
 
Que poderiam disputar as vagas de emprego com eles! Que poderiam ter opinião própria! Que seriam menos frágeis e menos submissas que as mães ou as avós! Que poderiam não querer ter filhos! Ou que poderiam querer colocar a carreira em primeiro lugar!
 
A questão central passa a ser só uma: Que homem é seguro o suficiente para amar uma mulher que quer e pode voar? Que ame a mulher que faz parte da “geração da parceria e não da submissão ou da dependência”?

Concordo com a Ruth, quando diz que “no fim das contas nós não somos nada do que o inconsciente coletivo espera de uma mulher”. E o melhor: nem queremos ser. E que este facto que fique bem claro, não há retorno: nós viemos para ficar!
Atenção! Não sou fundamentalista e acredito e conheço muitos homens não se assustam com essa “nova” característica feminina. E são grandes! Outros há que às tantas te dizem: “ou o trabalho ou eu”. Coitados, escolhemos o trabalho, porque nos completa, e lá se vai o conto de fadas das cinderelas frágeis salvas por príncipes encantados. Agora estamos mais na geração das Joanas d’Arc! Mulheres de fibra e lutadoras! E muito bem!
 
O que estas mulheres querem ou precisam é um homem seguro e que transmita tranquilidade e companheirismo. Que seja autoconfiante, que a respeite na sua essência e seja educado e sobretudo que tenha na sua vida as suas próprias metas e objetivos. Esta mulher precisa de um homem interessante, que se faça presente, que valorize a sua companhia e a sua forma de estar na vida e que demonstre estar ao lado dela para o que der e vier!
 
Rapazes preparem-se e acreditem: o desafio é maior, mas a recompensa também!
Feliz dia MULHERES do mundo (Hoje e sempre)!"
 

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