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Sindicato pede garantias para os trabalhadores na recuperação da Sousacamp

O sindicato representativo dos trabalhadores do grupo Sousacamp, o maior produtor de cogumelos português, pediu hoje (14 de junho) ao Estado que intervenha para garantir os postos de trabalho e direitos no processo de recuperação proposto por investidores estrangeiros.

A posição do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Industrias de Alimentação, Bebidas e Tabaco de Portugal (SINTAB) surge depois de ter sido conhecida a proposta de um consórcio de empresários estrangeiros para adquirir o grupo com sede na aldeia de Benlhevai, concelho de Vila Flor, no distrito de Bragança.

O grupo encontra-se em processo de insolvência há cerca de um ano e, embora os cerca de 500 trabalhadores tenham os salários em dia e queiram manter as empresas, estão “apreensivos relativamente ao futuro”, disse à Lusa José Eduardo Andrade, dirigente do SINTAB.

O Estado devia ter aqui uma palavra no sentido de exigir algumas garantias dos postos de trabalho”, concretizou, acrescentando que “a proposta de recuperação garante o pagamento das dívidas ao bancos, mas nada diz sobre a manutenção dos postos de trabalho”.

O grupo empresarial transmontano - que entrou em insolvência após a falência do banco BES - conta com cinco empresas em Portugal e Espanha e dívidas que ascendem a 60 milhões de euros, sendo o maior credor o Novo Banco.

A recuperação das dívidas ao Novo Banco não se pode sobrepor à garantia de manutenção do posto de trabalho de centenas de trabalhadores e, consequentemente, da viabilização do futuro das suas famílias”, defende o sindicato.

O dirigente sindical indicou à Lusa que os advogados do SINTAB estão a avaliar a possibilidade de manifestar esta preocupação dos trabalhadores, num requerimento a apresentar ao juiz responsável pelo processo.

Entende o SINTAB que deve o Estado Português, não só na qualidade de credor por via da Segurança Social e Autoridade Tributária, mas também na defesa de interesses presentes no Novo Banco, exigir, junto dos proponentes, a inscrição de claras e inequívocas garantias de manutenção dos atuais postos de trabalho na proposta de recuperação”, reiterou.

O receio dos trabalhadores, de acordo com o sindicato, é que “os novos investidores se aproveitem da quota de mercado da Sousacamp para fazer escoamento dos próprios produtos” e não apostem tanto na produção local.

Os trabalhadores não são parte ainda no processo de insolvência, que agora deverá passar a recuperação, já que não têm créditos a reclamar nesta fase, acrescentou o dirigente sindical.

Os trabalhadores não têm nenhum salário em atraso. A própria empresa a trabalhar a 30, 40 ou 50% da capacidade consegue riqueza suficiente para pagar aos trabalhadores e fazer algum investimento”, vincou.

O sindicato valoriza “a inversão do sentido de evolução do negócio, que em pouco tempo passou do definhamento contínuo sob erros de gestão e más decisões de investimento do anterior acionista e administrador, para uma perspetiva clara de recuperação económica e operacional, fruto da exemplar conduta do administrador de insolvência”.

Ainda assim, considera “é preocupante” a “contínua descapitalização do setor produtivo nacional, que atira o país para a completa vulnerabilidade e dependência de interesses estrangeiros em setores estratégicos como o da agricultura”.

Os credores deverão pronunciar-se no dia 27 de junho, em Assembleia de Credores, sobre a proposta de recuperação apresentada por um empresário belga e outro espanhol, que já constituíram uma sociedade em Portugal, a “Rudi & Mittelbrunn, Lda.” para viabilizarem a Sousacamp.

Um dos dois empresário apresentados como “mundialmente conhecidos” é Rudi François J. Joris, um belga radicado na Polónia e “considerado uma referência mundial na formação técnica e profissional no setor dos cogumelos”.

O outro investidor é o espanhol Ignacio Felipe Mittelbrunn Fuentes que se propõe fazer uma parceria com o grupo brasileiro BDN, que opera nas áreas do agronegócio, imobiliária, financeira e da saúde.

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