O PS entregou esta segunda-feira no tribunal as listas com cerca de 600 candidatos aos diferentes órgãos autárquicos de Bragança com críticas ao PSD, que lidera o concelho há 24 anos, por "açambarcar assinaturas" para impedir outras candidaturas.
O candidato socialista à Câmara de Bragança, Jorge Gomes, garantiu que o número entregue pelo partido é o suficiente e o necessário de acordo com a lei para a formalização das candidaturas, embora corresponda a pouco mais de metade do apresentado pelo PSD.
"É uma estratégia do PSD profundamente errada e antidemocrática, que é ir arrancar das mãos das pessoas uma ficha assinada que é para que as pessoas fiquem presas a uma candidatura. Esquecem-se é que as pessoas que assinaram essa ficha, felizmente, sabem perfeitamente que, no dia das eleições, o voto é secreto e elas votam em quem quiserem", declarou.
Para o candidato socialista não adianta "entulhar o tribunal com fichas" até porque, ainda nas últimas Autárquicas o juiz que verificou os processos só aceitou o número que consta da lei.
Jorge Gomes interpreta a ação do PSD na estratégia de "açambarcar" recorrendo a esta situação e outras que enquadrou no "défice democrático" que alega existir no concelho.
"Nós tivemos gente que estava em listas que foram ameaçadas de ser despedidas se continuassem na nossa lista", afirmou.
O candidato socialista reconheceu que existe "outro problema que começa a surgir, é que as pessoas nas aldeias são tão poucas que o primeiro a chegar faz listas, o segundo que vai já não consegue fazer".
Ainda assim, para as eleições autárquicas de 26 de setembro o PS conseguiu no concelho de Bragança um número superior de candidaturas no meio rural, com listas em 35 das 39 freguesias, enquanto há quatro anos não concorreu a quase metade.
Jorge Gomes candidata-se pela terceira vez contra o PSD à Câmara de Bragança e mostrou-se convicto de que "desta vez há determinação, para ganhar, para mudar o rumo de Bragança, para despertar Bragança e tirá-la do adormecimento em que tem estado".
O candidato do PS diz que não esqueço o mundo rural e reiterou que "é uma vergonha" neste século existirem no concelho de Bragança "muitas aldeias que não têm água, em que a agua é entregue pelos bombeiros".
Segundo comparou, o dinheiro todo que foi gasta na avenida Sá Carneiro, na cidade, e que considera de "duvidosa utilidade", dava para ter feito o "saneamento básico de dez, doze aldeias".
"Depois dizem que as aldeias já não têm gente suficiente para fazer saneamento e eu pergunto porque é que as pessoas foram embora de lá, exatamente porque não foram criadas condições para poderem viver", sublinhou.
O concelho de Bragança tem inscrito 35.722 eleitores que podem votar nas eleições autárquicas de 26 de setembro.
Há quatro anos, o PSD conseguiu 57% dos votos e a eleição do presidente e quatro vereadores e o PS ficou com os outros dois vereadores e 27% da votação.
Além do atual presidente, Hernâni Dias, pelo PSD, são candidatos nestas eleições Jorge Gomes do PS, António Morais da CDU, Carlos Silvestre pelo Chega e André Xavier pelo Bloco de Esquerda.