As perdas na produção de cereja rondam os 40% devido à vaga de frio que se fez sentir no início do mês de abril na Terra Quente transmontana, disse ontem fonte da Cooperativa Agrícola da Alfândega da Fé.
“Para esta campanha da cereja, estimamos quebras que poderão chegar aos 40% da produção na região da Terra Quente em concelhos do Vale da Vilariça, devido ao frio e geadas que se fizeram sentir no mês de abril e que provocaram um início de primavera muito intermitente” explicou à Lusa o técnico da cooperativa de Agrícola de Alfândega da Fé, João Henriques.
Segundo aquele responsável, há igualmente um atraso na maturação do fruto de cerca de uma semana, já que o mês de maio também começou com frio e a cereja não se está a desenvolver como o desejado.
“Se nos próximos dias vier calor, haverá uma maturação mais rápida da cereja, que seria o desejável. Em meados deste mês de maio esperamos cereja de qualidade”, vincou o técnico.
A Cooperativa Agrícola de Alfândega da Fé, no distrito de Bragança, tem cerca de 20 hectares de terreno com cerejeiras, que em ano normal podem produzir cerca de 40 toneladas daquele fruto. Esta organização agrícola conta ainda com cerca de meia centena de produtores de cereja.
No próximo sábado, Alfândega da Fé dá início ao principal certame do concelho que é designado por Festa da Cereja&Co e que se prolonga até 12 de junho.
O certame, com quase quatro décadas de existência, é um dos maiores da região e destaca-se pelo produto que dá nome à festa: a cereja.
Contudo, os produtores do concelho de Alfândega da Fé e vizinhos garantem cereja "em quantidade e qualidade" para este período.
Também o frio e as geadas que se fizeram sentir no passado mês de abril causaram quebras na produção de amêndoa na região transmontana que rondam os 50%.
“Prevemos quebras que rondam os 50% da produção de amêndoa, provocada pela vaga de frio que se fez sentir no início do mês de abril, quando o amendoal estava numa fase de passagem da floração para o fruto. A gema da amêndoa está queimada e não consegue evoluir, o que faz com haja uma grande perda de produção”, explicou à Lusa o presidente daquela estrutura com sede em Mogadouro, no distrito de Bragança, Armando Pacheco.
Para o responsável da LCN- Cooperativa dos Lavradores do Centro e Norte, estrutura agrícola que representa mais de 600 cooperantes de todo o país, a situação “é muito grave” já que a produção de amêndoa “é uma das que mais valorizadas, atualmente, na região transmontana e duriense”.
“O frio que levou à quebra de produção do amendoal, verificada em apenas alguns dias, vai refletir-se nos próximos anos. E isto sem contar com o esforço e os gastos efetuados pelos produtores deste fruto de casca rija”, observou o dirigente cooperativo.
O técnico diz que é nas zonas mais baixas de Trás-os-Montes e Douro, como é caso dos vales dos rios Douro, Sabor, Tua e Côa, que se registam para já as maiores perdas na produção de amêndoa.