O Instituto Politécnico de Bragança (IPB) tem um novo programa de voluntariado dirigido aos estudantes que, em troca de horas dedicadas aos outros, dá créditos na formação académica.
O instituto celebrou, esta segunda-feira, protocolos com 12 instituições da região ligadas à solidariedade, cultura, causa animal e ambiente no âmbito deste novo programa de voluntariado que pretende reforçar o impacto social do IPB, estimulando a participação dos alunos com a equiparação a trabalho académico.
O presidente do politécnico, Orlando Rodrigues, explicou que “o envolvimento numa atividade de voluntariado equivale a uma disciplina, ou seja, em função do número de horas, do esforço que o aluno dedique ao trabalho de voluntariado” esta atividade será reconhecida como formação e pode substituir parte dos créditos da formação académica.
“É um estímulo para que eles possam envolver-se e nós consideramos isso também efetivamente como trabalho de formação, e é na verdade um trabalho que promove a formação dos nossos alunos porque cria competências muito importantes de relacionamento com os outros, de proatividade”, defendeu.
O politécnico de Bragança tem-se destacado pelas iniciativas dos estudantes na área da solidariedade, tendo realizado das primeiras praxes solidárias no país e outras atividades em prol da comunidade e instituições locais.
O que o novo programa irá fazer é articular e estender o voluntariado, tendo também em atenção as necessidades entre os cerca de nove mil alunos de mais de 70 nacionalidades do politécnico de Bragança, como indicou Calado Rodrigues, capelão da instituição.
O programa contempla também a criação de um banco de alimentos e outro de roupas fora do campus para que os alunos que necessitem possam procurar ajuda sem serem identificados pelos pares.
Calado Rodrigues espera que este programa de voluntariado ajude também a que os alunos possam identificar casos entre os colegas, sobretudo naquelas situações “que se envergonham de assumir”.
Os casos internos de carências surgem entre “os estudantes nacionais e estrangeiros, com contextos económicos mais desfavoráveis, porque as bolsas que recebem são boas no país de origem, mas são insuficientes em Portugal”, situações que ocorrem entre “africanos, asiáticos e alguns da América Latina”.
As necessidades sociais dos alunos estrangeiros “fazem-se sentir de uma forma diferente (dos portugueses)”, segundo o presidente Orlando Rodrigues, “uma vez que não têm acesso ao mesmo sistema de apoio social que têm os alunos nacionais”, realçando, todavia, que “o IPB tem um apoio social de emergência para os alunos internacionais”.
O instituto já conta 51 estudantes a fazer voluntariado permanente no âmbito de programas anteriores e espera agora aumentar este número e adesões “significativas, sobretudo de populações de estudantes muito sensíveis a estas causas, em que se destaca a comunidade brasileira de estudantes".
Os representantes dos estudantes associaram-se a esta causa e prometem contribuir para reforçar o papel social do IPB, como vincou o presidente da Associação dos Estudantes Africanos, Wanderley Antunes.
A própria associação já faz um trabalho de apoio junto da comunidade africana e o presidente garantiu que não tem “colegas em grandes dificuldades” e quando surgem “casos pontuais” esta organização “tenta sempre auxiliar”.
O presidente da Associação Académica, Hugo Nobre, assegurou também que ajuda a resolver os casos de necessidade que lhe surgem entre os estudantes e que, afincou, são “extremamente esporádicos, muito poucos”.
O dirigente lembrou a tradição dos estudantes do politécnico de Bragança em matéria de solidariedade com um evento a ser preparado para a quadra natalícia que se avizinha.
Hugo Nobre sublinhou que têm sido “centenas de pessoas a praticar atos de voluntariado” nas diferentes atividades que desenvolvem e que revertem para as necessidades da comunidade académica ou de instituições de solidariedade locais.
FOTOGRAFIA: Fernando Pimparel
