O Conselho Geral do Instituto Politécnico de Bragança (IPB), reunido a 30 de setembro de 2019, decidiu por unanimidade aprovar um voto de louvor a Braima Suncar Dabó pelo “ato abnegado de solidariedade, desportivismo e fair play que realizou no Qatar durante a prova eliminatória dos 5000 metros nos Campeonatos do Mundo de atletismo”.
Nesse sentido, o Politécnico preparou uma cerimónia surpresa no momento da sua chegada à ESTiG na manhã de segunda-feira, dia 7 de outubro.
Com a banda sonora a cargo da Real Tuna Universitária de Bragança e recebido por uma pequena multidão de colegas, amigos e direção do IPB, o jovem não escondeu o sorriso perante o acolhimento “merecido”, após a sua participação na prova que lhe deu visibilidade mundial.
No final, Braima Dabó falou com a Comunicação Social, recordando o momento que o levou a ajudar o seu colega. “A partir do momento que eu reparei que ele já não tinha uma postura correta de corrida, aproximei-me, agarrei nele e disse: vamos embora, vamos lá terminar; porque tínhamos o mesmo objetivo, que era representar o nosso país, e fiquei orgulhoso por conseguir concretizá-lo”, revela, acrescentando que, “na altura, não pensei muito nisso, também não tinha muito tempo para pensar”.
Aquilo que para o jovem estudante de Gestão do Politécnico “foi natural”, “era fazer ou não fazer e acho que qualquer um naquela posição teria feito o mesmo”, acabaria por o colocar nas bocas do mundo, algo que nunca pensou vir a acontecer.
Contudo, Braima permanece com os pés bem assentes na terra. Isto porque a meta para o corredor continua a ser conseguir conciliar os estudos com o atletismo, terminando, assim, as três cadeiras que faltam para concluir o curso.
Já a nível desportivo, o futuro é, ainda, incerto para Braima. “Ainda não consegui ter um momento a sós com o meu treinador para traçarmos os próximos objetivos”, adianta o jovem, feliz por ter regressado à cidade que considera como casa. “Desde sempre que Bragança foi a minha casa e continuará a ser, independentemente do que possa acontecer quando terminar as três cadeiras que me faltam”, responde. Certo é que a Capital de Distrito irá “deixar marcas”, garante.
Já o presidente do Politécnico, assegura que “Braima é um símbolo dos valores do IPB”. Nas palavras de Orlando Rodrigues, “o seu gesto incorpora aquilo que nós vimos defendendo há tanto tempo e aquilo que nós temos procurado construir aqui e, por isso, ficámos muito sensibilizados”.
“O que nós valorizamos é o esforço contínuo que tem sido feito na nossa instituição em prol dos valores da multiculturalidade e da solidariedade. Trata-se de olhar para as outras culturas mais como uma oportunidade do que uma diferença que devemos rejeitar”, defende o responsável, sublinhando o facto de, neste momento, o IPB contar com cerca de “70 nacionalidades, pessoas de diversas origens geográficas, diversas raças, culturas e religiões”.
Depois de breves palavras proferidas, quer pelo presidente da Associação de Alunos Africanos, Wanderley Antunes, quer pelo presidente da Associação Académica, Hugo Nobre, quer pelo próprio presidente do IPB, que procedeu, depois à entrega do “Louvor” e Bandeira do IPB a Braima, concluiu-se a cerimónia ao som to tema Amigos para sempre, tendo o atleta sido, finalmente, “entregue” ao diretor da ESTiG para que este o conduzisse “à Sala de aula”.
VOTO DE LOUVOR
Transcrição:
“O Conselho Geral do Instituto Politécnico de Bragança aprova um voto de louvor ao aluno Braima Suncar Dabó pelo ato abnegado de solidariedade, desportivismo e fair play que realizou no Qatar durante a prova eliminatória dos 5000 metros nos Campeonatos do Mundo de atletismo. Antes de cortar a meta, Braima Dabó voltou para trás e ajudou um atleta de Aruba, em dificuldades, a completar a prova, carregando-o, literalmente, até à meta. Brian Braima, como é conhecido pelos colegas, nasceu em 1993, em Catió, na Guiné Bissau e é aluno da Licenciatura de Gestão, na Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico de Bragança (IPB). Este aluno personifica o enriquecimento humano que a região tem vivido, fruto do acolhimento de estudantes internacionais por parte do IPB. Um processo complexo que tem permitido receber seres humanos íntegros e capacitados para darem o melhor, não só em prol da sua formação académica, mas, também, do local onde estudam, vivem e estão inseridos”.