Plano com mais de 60 anos proposto para enfrentar a seca e recuperar a agricultura transmontana

O presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), Eduardo Oliveira e Sousa, defendeu hoje que um plano feito há mais de 60 anos tem soluções para a agricultura transmontana enfrentar a seca.

Na década de 1960, o engenheiro agrónomo e político Camilo Mendonça, conhecido como “pai da agricultura transmontana”, revolucionou o setor nesta região com um plano que contemplava desde as produções em cada zona a cooperativas agrícolas, infraestruturas e transformação e comercialização de produtos no antigo Complexo do Cachão.

Muito do que o setor tem na atualidade nesta região é resultado desta estratégia que não foi concretizada em pleno e para a qual os políticos e agentes locais devem voltar a olhar, na opinião do presidente da CAP, expressa numa reunião, em Mirandela, para ouvir as preocupações dos agricultores de Trás-os-Montes.

O dirigente destacou que “nesta região em particular, a seca está a tomar proporções fora do comum” e lembrou que no plano de Camilo Mendonçaestava prevista a construção de dezenas de pequenas barragens para beneficiar milhares de hectares (regadio) e foram construídas quatro ou cinco”.

Para enfrentar períodos de seca como o atual, o presidente da CAP defende que em Trás-os-Montes se deve olhar para esses projetos e outros menos antigos, que “deveriam já estar a ser devidamente ajustados, modernizados e a serem financiados a tempo e horas para que, dentro de pouco tempo, possam entrar em funcionamento”.

Esses projetos existem, pelo menos sabe-se quais são os locais onde esses projetos podem ser implementados, mas hoje há muito mais conhecimento para além disso. Se aquele plano existiu, saiu do papel, ganhou forma, fixou pessoas, criou riqueza na região porque não olhar para ele”, questionou.

O presidente da CAP enfatizou que no tempo em que foi projetado “não havia dinheiro da Política Agrícola Comum (PAC), nem havia fundos comunitário e hoje há” e há também conhecimento e novas tecnologias.

A confederação defende ainda como medida contra a seca que as barragens destinadas à produção de energia elétrica possam “no futuro ter uma função mista de produzir energia, de promover o turismo e de promover a economia”.

Reclama também que é necessário levar a este território, mais afastado do litoral, “o 5G para que a Internet com muita qualidade possa atrair pessoas para desenvolver atividades económicas na região, a começar pela agricultura”.

Toda a gente ouve falar em agricultura de precisão, não é possível ser feita se não tivermos 5G, se não tivermos Internet de qualidade em todos os locais”, vincou.

O dirigente defende ainda que “os políticos que representam a região, ao nível do parlamento, ao nível local, presidentes de câmara, de juntas de freguesia, associações de agricultores e os seus dirigentes têm que se juntar”.

Eduardo Oliveira e Sousa registou ainda que as prometidas ajudas financeiras do Governo para mitigar os efeitos da seca “chegaram hoje, pela primeira vez, em seis ou sete meses” às mãos dos agricultores transmontanos e considerou que “serão insuficientes face ao período de seca vivido”.

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