Foi na passada sexta-feira que o Papa Francisco nomeou como novo Arcebispo de Braga aquele que já foi o mais jovem bispo de Portugal quando, aos 44 anos, a 2 de outubro de 2011, se tornou no 44º bispo da diocese de Bragança-Miranda.
Uma década depois, aos 54 anos, José Manuel Garcia Cordeiro irá substituir Jorge Ortiga que, aos 75 anos e como determina o Código do Direito Canónico, teve de pedir a resignação por ter atingido o limite de idade. Contudo, a sucessão só deverá concretizar-se dentro de dois meses, período durante o qual deverá, também, ser conhecido o seu sucessor.
Numa mensagem à Diocese de Bragança-Miranda, que lidera desde 2011, o seu administrador apostólico evidencia um “misto de gratidão e saudade”, manifestando a sua decisão de acolher “com fé humilde a nomeação para a missão que o Papa Francisco me confia, ao escolher-me como pastor do Povo de Deus presente na Arquidiocese de Braga”.
Nas suas declarações, consubstancia o sentimento de que “o Bispo não é de uma Igreja, mas é da Igreja”, recordando as palavras de Miguel Torga quando testemunhou: “Foi desta realidade que parti, e é a esta realidade que regresso sempre, por mais voltas que dê nos caminhos da vida. É uma certeza de marcos com testemunhas, que nunca me deixa desorientado quando quero avivar as estremas da alma (…) Nasci povo, povo continuo e povo quero morrer”.
D. José Cordeiro, cujo legado é descrito como “dinâmico, próximo e profícuo”, capaz de "motivar, influenciar e inspirar", mostra-se grato a todos aqueles que pela sua vida passaram e da sua vida fizeram parte, enquanto assumia o papel de bispo da Diocese de Bragança-Miranda, não se esquecendo, nas suas últimas e sentidas palavras das “crianças, adolescentes, jovens e adultos, sobretudo dos mais velhos, dos pobres, dos reclusos, dos migrantes, das pessoas com deficiência, das minorias étnicas e de todas as outras periferias existenciais que são invisíveis” e por quem sempre tentou fazer a diferença.
Conhecido pela sua humanidade incomparável, empatia com o próximo, natural boa disposição e sorrir contagiante, a partida do arcebispo eleito de Braga deixará um vazio enorme na sua diocese de origem. Assim sendo, o seu sucessor não terá das tarefas mais fáceis pela frente, já que, fruto da sua ótima integração na comunidade, o prelado tentou, comummente, ser uma voz ativa dos problemas que, ao longo dos últimos anos, têm afligido o povo do Nordeste Transmontano. A relação que mantinha com crianças, jovens e idosos é, também, um exemplo da sua liderança de uma década (2011-2021), que se pautou pelo uso das novas tecnologias, nomeadamente, a internet e as redes sociais, ferramentas que, habilmente, no seu contacto com os fiéis, soube utilizar em prol da Igreja.
Diocese felicita D. José Cordeiro com um misto de sentimentos agridoce
Já a Diocese de Bragança-Miranda aproveitou para congratular D. José Cordeiro pela recente nomeação para arcebispo de Braga. Apesar do “júbilo” com que receberam as boas novas, a diocese evidencia, em contraposição, sentimentos de “tristeza e orfandade”.
“A surpreendente notícia foi por nós recebida com júbilo, ainda que deixando um sentimento de tristeza e orfandade, pois foi nosso pastor e mestre da fé durante os 10 anos imediatos à sua ordenação para o ministério episcopal”, pode ler-se numa mensagem enviada à redação.
No documento, assinado pelo vigário geral cessante, monsenhor Adelino Fernando Pais, “o presbitério, diáconos, consagrados e fiéis leigos de Bragança-Miranda, felicitam” José Cordeiro, nomeado a 3 de dezembro pelo papa Francisco para a Arquidiocese de Braga.
O que é facto é que, reconhecidamente, “deixa inolvidáveis marcas de renovação e conversão pastoral nesta Igreja peregrinante, no território do nordeste transmontano. Por tudo ficamos, para sempre, reconhecidamente gratos”, refere o documento.
Os elementos da diocese transmontana felicitam “igualmente a arquidiocese de Braga pelo seu novo arcebispo” e não têm quaisquer dúvidas que D. José Cordeiro “dignificará os santos e ilustres arcebispos que o precederam” como Martinho de Dume e Frei Bartolomeu e que será “bem acolhido, estimado e muito querido do povo bracarense, como foi pela diocese de que é oriundo”.
BIOGRAFIA:
D. José Manuel Garcia Cordeiro nasceu a 29 de maio de 1967, em Vila Nova de Seles (Angola).
Vindo para Parada, Alfândega da Fé, Portugal, com a família em 1975, frequentou o Seminário Menor da Diocese de Bragança-Miranda; admitido ao Seminário Maior, seguiu os estudos filosófico-teológicos na sede do Porto da Universidade Católica Portuguesa.
Após receber a Ordenação presbiteral a 16 de junho de 1991, foi incardinado na Diocese de Bragança-Miranda.
De 1991 a 1999 foi Pároco, formador no Seminário Diocesano e Capelão do Instituto Politécnico de Bragança.
De 1999 a 2001 frequentou o Pontifício Ateneu de Santo Anselmo, em Roma, obtendo a Licenciatura em Liturgia.
Em 2004 obteve o Doutoramento em Liturgia no Ateneu de Santo Anselmo, em Roma.
De 2001 a 2005 foi Vice Reitor do Pontifício Colégio Português, em Roma, e de 2005 a 2011 foi Reitor do mesmo Pontifício Colégio.
De 2004 a 2011 foi Professor no Pontifício Ateneu de Santo Anselmo, em Roma.
No dia 18 de julho de 2011 foi nomeado Bispo de Bragança-Miranda, recebendo a Ordenação Episcopal a 2 de outubro de 2011.
Desde 2016 é membro da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos.
No âmbito da Conferência Episcopal Portuguesa: desde 2014 é Presidente da Comissão Episcopal da Liturgia e Espiritualidade; desde 2017 é Vogal do Conselho Permanente e desde 2018 é Delegado aos Congressos Eucarísticos Internacionais.
No dia 3 de dezembro de 2021 é nomeado Arcebispo Metropolita de Braga.