A nova rede de transportes que promete servir todas as localidades das Terras de Trás-os-Montes deverá estar operacional no início do próximo ano, segundo avançou o responsável pelo processo na Comunidade Intermunicipal (CIM).
A data prevista definida na legislação para a contratualização do serviço é 3 de dezembro, mas o processo está atrasado neste e noutros territórios do país, segundo Manuel Miranda, secretário intermunicipal da CIM Terras de Trás-os-Montes.
O calendário avançado para o Plano Operacional de Transportes Públicos das Terras de Trás-os-Montes aponta para que em outubro esteja concluído o estudo de viabilidade económica e financeira, seguindo-se o lançamento do concurso público para a adjudicação, em novembro e a contratualização no primeiro trimestre do próximo ano.
O cenário foi avançado pelo secretário intermunicipal numa sessão sobre o novo plano de transportes promovida pela Câmara de Mirandela e inserida na Semana Europeia da Mobilidade.
Dos nove municípios da CIM Terras de Trás-os-Montes, Bragança vai ficar de fora deste plano por ter um serviço próprio de transportes, mas as populações dos restantes concelhos terão carreiras para a capital e vice-versa, como indicou o responsável.
Manuel Miranda garantiu que com este plano “todo o território da comunidade vai ter transporte regular no mínimo três vezes por semana com uma viagem de manhã e de regresso à tarde”, num território onde as populações têm apenas a opção rodoviária para se deslocarem.
Os lugares com menos de 40 habitantes que não integrem a rede regular de carreiras, “serão servidos por um transporte a pedido devidamente regulado uma vez por semana, pelo menos nos dias de feira”, como indicou.
Este plano resolverá também o problema das localidades que ficavam sem transporte durante as férias escolares.
O vereador da Câmara de Mirandela, José Cunha, sublinhou outro desafio que se coloca e que considerou “fundamental”, que é coordenar com a Unidade Local de Saúde (ULS) do Nordeste a marcação de consultas.
Esta medida facilitará a vida a quem reside no mundo rural e contribuirá para reduzir custos às populações que em vários casos têm de pagar um táxi para se deslocar aos serviços de saúde.
Enquanto o plano não entra em vigor, as populações estão a beneficiar de uma redução de 40 por cento nas tarifas com a participação do estado de 175 mil euros para os nove municípios.
O financiamento do plano contemplará esta receita, assim como aquilo que os municípios já gastam nos transportes escolares, as receitas dos bilhetes e a possibilidade de candidaturas a fundos comunitários.
Os operadores marcaram presença nesta sessão e aguardam que a CIM defina “o preço que está disponível para pagar” para fazerem propostas no concurso público.
Jorge Santos, da empresa Rodonorte/Santos admite que “o custo que hoje a região tem com os transportes subirá porque o volume de transportes também irá aumentar”.
“Mas também permite clarificar de uma vez por todas o que é que se pretende: se as pessoas têm transporte diário, semanal, isso para nós também é importante”, afirmou.
O empresário defende que “há uma necessidade real de ser feita alguma coisa” porque “ao longo dos últimos dez anos (os operadores) têm sido, de certa forma, deixados ao abandono porque não há uma definição concreta do que é que será este modelo de contratualização”.
“A definição de uma nova tipologia de transporte para a região irá permitir uma abrangência global e definitiva, abrangerá praticamente todo o distrito de Bragança, define uma política territorial única e permite-nos também algumas sinergias e obter também algumas poupanças e dinamizar o negócio”, considerou.