Os habitantes de Palaçoulo, no concelho de Miranda do Douro, aguardam com expectativa a colocação da primeira pedra do centro de acolhimento do futuro mosteiro trapista, cuja cerimónia está marcada para 24 de junho.
O empreendimento religioso, que está orçado em seis milhões de euros e vai ocupar uma área de 30 hectares de terrenos que foram cedidos, permutados ou comprados pela Paróquia de S. Miguel de Palaçoulo e situados no lugar de Alacão, a escassos três a quatro quilómetros da aldeia do distrito de Bragança.
Albino Macias, de 89 anos, é um dos habitantes de aldeia de Palaçoulo que contribuiu com parcelas de terrenos situados no local onde será erguido o mosteiro e garantiu à Lusa que não gostaria de morrer sem ver "a obra construída".
"Gostava de ver a obra construída porque sei que vai ficar para os meus descendentes. Estou ciente que o mosteiro será erguido, porque tudo está a andar pelo bom caminho. Está tudo orientado nesse sentido. Tudo isto vai trazer desenvolvimento não só para Palaçoulo, mas também para as aldeias vizinhas", disse o habitante.
Já Manuel Afonso, também habitante de Palaçoulo, de 82 anos, prefere manter alguma reserva em relação à construção do mosteiro, alegando que é um tema para o qual não está preparado para discutir.
"Eu acho que a construção de um mosteiro em Palaçoulo poderá trazer algum desenvolvimento à semelhança de outros equipamentos, como a Cooperativa Agrícola, o Agrupamento de Defesa Sanitário, a Caixa Agrícola, entre outros. Mas temos de esperar para ver", vincou à Lusa.
Depois de se andar alguns quilómetros por um caminho poeirento de terra batida, é possível observar no local as máquinas que fazem o movimento de terras para dar início à plataforma onde será construída, nesta primeira fase, a denominada "Casa de Acolhimento do Mosteiro Trapista de Santa Maria, Mãe da Igreja".
A empresa selecionada para arrancar com a construção do mosteiro já tem estaleiro montado e as máquinas e trabalhadores estão no local, em operações que, observando, decorrem a bom ritmo.
Por seu lado, Maria Rodrigues, uma ex-emigrante em França e que regressou à terra natal (Palaçoulo), acredita que o mosteiro traga turismo religioso ao território.
"Eu penso que é coisa boa para a região e para as aldeias vizinhas. Acredito que o mosteiro vai atrair gente e talvez criar postos de trabalho. Contudo, o assunto poderá dividir opiniões. Mas acredito que a maioria das pessoas da localidade está a favor da construção do mosteiro", observou.
O investimento do futuro equipamento religioso, que terá capacidade para 40 monjas e será “orientado para a contemplação e culto divino, dentro do recinto, e segundo a regra de São Bento”, será suportado integralmente pela Ordem formalmente designada Cisterciense da Estrita Observância.
Em outubro de 2017, a Diocese de Bragança-Miranda oficializava a chegada de uma comunidade de monjas trapistas, daquela Ordem ligada ao Mosteiro de Vitorchiano, em Itália.
Os responsáveis pela diocese Bragança-Miranda já haviam realçado "a importância espiritual" desta obra, mas também "a cultural" e "o contributo" que pode ser dado "para o desenvolvimento do interior”, dando-lhe “centralidade".
A expectativa resulta "do testemunho e da experiência de tantos mosteiros que existem no mundo inteiro" e que têm dado "um enorme contributo também ao desenvolvimento integral da região onde estão implantados".
O grupo de monjas que vai fundar o "Mosteiro Trapista de Santa Maria, Mãe da Igreja" já há algum tempo que foi escolhido e a abadessa será a monja Giusy.
Em convite enviado à agência Lusa, a diocese de Bragança-Miranda, avançou que só presta declarações no dia do ato oficial de lançamento da primeira pedra.
A aldeia de Palaçoulo, que conta com cerca de 550 habitantes, é considerada a mais industrializada do Nordeste Transmontano, contando com cutelarias, tanoarias e serviços agrícolas que dão emprego a algumas centenas de pessoas da região e onde não se regista desemprego, faltando apenas alguma mão-de-obra especializada.
IMAGEM da maquete do Mosteiro Trapista cedida, gentilmente, à KNE pela Diocese de Bragança - Miranda