O secretário de Estado da Agricultura anunciou esta segunda-feira, dia 22 de julho, uma linha de crédito de um milhão de euros para apoiar os agricultores que tiveram prejuízos com o granizo que caiu no concelho de Mogadouro a 13 de julho.
"Esta linha de crédito terá quatro anos de duração e um ano de carência. O que significa que no primeiro ano não haverá amortização de capital, havendo apenas pagamentos de juros. Esta linha de crédito de um milhão de euros é garantida pelo Estado", explicou à Lusa Luís Vieira.
No concelho de Mogadouro, a trovoada seguida de granizo, no último dia 13 de julho, afetou 700 agricultores em todo o concelho, numa área de cerca de mil hectares de produções agrícolas diversas.
O governante disse que esta linha de crédito é extensível não só aos produtores de vinha, mas também ao amendoal e olival, ou outras culturas permanentes que foram afetadas.
Contudo, o secretário de Estado da Agricultura e Alimentação, na sua deslocação a Mogadouro, no distrito de Bragança, vincou que o caminho que os agricultores têm de fazer para proteger as suas explorações é apostar nos seguros agrícolas.
Luís Vieira disse à Lusa que o Governo "não se esqueceu do interior no que toca a apoios à agricultura” e aponta números dos últimos três anos.
"Os agricultores de todo o distrito de Bragança, nos últimos três anos, receberam apoios de 300 milhões de euros, o que dá uma média de 100 milhões de euros por ano. O concelho de Mogadouro, desses 300 milhões de euros, recebeu nesses três anos 40 milhões de euros, que dá 13 milhões de euros anualmente. No ano de 2019, o montante será praticamente idêntico", contabilizou o secretário de Estado.
Outro dos enfoques da visita do secretário de Estado da Agricultura e Alimentação foram os seguros de colheitas, um mecanismo apoiado pelo Estado há mais de 15 anos, "onde se tem registado um aumento de adesão por parte dos agricultores”.
"O seguro de colheitas assenta em duas vertes: há o seguro individual e o seguro coletivo. No caso do seguro à vinha, o apoio do Estado é de 75% a fundo perdido, se for coletivo. Se for individual, é de 65%. Se um agricultor fizer um seguro de mil euros através de uma cooperativa, 750 euros são subsidiados pelo Estado", enfatizou o responsável.
Para Luís Vieira, como a agricultura é uma atividade praticada a céu aberto, estes apoios são “generosos".
Carlos Conde, um vitivinicultor de Ventozelo, no concelho de Mogadouro, disse que tem seguros de colheita e que são uma boa opção quando acontece uma intempérie desta natureza.
No entanto, o vitivinicultor só se queixa do atraso nas peritagens por parte das seguradoras, mas mostrou confiança que elas aconteçam na próxima semana.
Já Manuel Pires, vitivinicultor em Mogadouro, queixa-se dos estragos causados em mais de 33 hectares de vinha e disse que foi adiando a questão do seguro de colheitas, devido à reconversão das suas propriedades.
"Estávamos à espera de uma colheita de 250 toneladas de uvas. Os estragos estão situados em mais de 30% da total da produção. Quanto aos seguros de colheitas, há vários anos que ando para o fazer. O seguro é caro mas tem de ser feito para não haver percalços. Quanto à linha de crédito, é benéfica e talvez vá precisar de cerca de 30 mil euros", observou o agricultor.
O presidente da câmara de Mogadouro, Francisco Guimarães, disse que o Governo respondeu em parte às solicitações.
"Os agricultores têm de estar mais atentos aos seguros de colheitas. Contudo, estivemos sempre ao lado dos agricultores, mas temos de trabalhar, sempre, com mecanismo legais", frisou o autarca.
De acordo com o autarca, as pedras de granizo que caíram no dia 13 de julho eram quase do tamanho de ovos de galinha.
A Direção Regional de Agricultura e o município de Mogadouro promoveram de imediato um apoio de 15 euros por hectare, destinados ao tratamento inicial e preventivo para evitar a perda total da colheita em cerca de mil hectares de vinha afetados pelo mau tempo.
FOTOGRAFIAS: Rita Emídio & Angelina Calhabrês Mouro