Os estudantes oriundos de países de língua portuguesa representam quase um terço das propinas do Instituto Politécnico de Bragança (IPB), que tem ajudado vários países da lusofonia a qualificar quadros, indicou ontem o presidente da instituição.
Orlando Rodrigues sublinhou “o peso significativo nas receitas” do IPB dos estudantes internacionais, que permitem “claramente equilibrar as contas, face à diminuição de alunos nacionais”.
O presidente do politécnico falava à margem da abertura da segunda conferência Lusoconf, que debate a lusofonia durante três dias na Escola Superior de Educação, nomeadamente os impactos nos dois lados nas parcerias entre a edução e os países de língua oficial portuguesa.
O Politécnico de Bragança tem perto de nove mil alunos, um terço dos quais são estudantes internacionais e deste a esmagadora maioria da Lusofonia, cerca de dois mil estudantes, particularmente de Cabo Verde, Brasil, Angola, Moçambique e Guiné-Bissau.
“Esses alunos, face à diminuição de alunos nacionais, permitem claramente equilibrar as contas porque as propinas de alunos internacionais são muito mais altas do que de alunos nacionais”, salientou o presidente do IPB.
Os alunos internacionais representam “um pouco mais de um terço das propinas” e os outros dois terços são divididos entre alunos da região transmontana e de outros pontos de Portugal.
Segundo Orlando Rodrigues, também nos países de origem dos alunos lusófonos “já se sente o impacto da qualificação dos jovens, em particular em Cabo Verde”, país com o qual o IPB tem uma relação “com parcerias com as câmaras municipais”.
“A quantidade de quadros que nós já formamos, em Cabo Verde começa a ser muito significativa e isso tem peso na economia de Cabo Verde, também e daí que o IPB seja hoje a instituição mais popular em Cabo Verde”, declarou.
Em São Tomé e Príncipe “também há muita gente a trabalhar formada” pelo IPB, ao nível de mestrados ou quadros em higiene e segurança alimentar.
Com Angola, o Politécnico de Bragança tem “uma relação muito estreita”, nomeadamente com o Instituto de Kuanza Sul para o qual tem formado professores.
A importância económica da Lusofonia é um dos temas da conferência Lusoconf que durante três dias discute também, em Bragança, a língua portuguesa e a importância da população e dos países lusófonos no mundo.
A conferência é organizada pelo politécnico e pela Câmara de Bragança, que nos últimos anos tem apoiado várias iniciativas relacionadas com a temática como os colóquios da Lusofonia ou o prémio literário Adriano Moreira destinado a falantes da língua portuguesa, que será entregue, pela primeira vez, na sexta-feira.
Para o presidente da Câmara, Hernâni Dias, “esta presença da comunidade lusófona é extremamente relevante também na componente económica”, já que “10% da população residente na cidade é de fora”.
“Nós teremos de aproveitar esta capacidade dos nossos residentes provenientes dos PALOP porque são seguramente um bom ativo no que tem a ver com a componente económica”, considerou.
O autarca entende que “o município, o politécnico e a própria comunidade brigantina têm sabido interpretar de forma positiva esta relação que existe com esta comunidade”.
FOTOGRAFIA: Fernando Pimparel