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Empresário desenvolve levedura para produzir vinho diferenciado no Planalto Mirandês

Um empresário de Mogadouro está decidido em apostar na produção de vinhos de qualidade superior no Planalto Mirandês e está já a desenvolver uma levedura natural específica para o efeito, querendo chegar às 500 mil garrafas por ano.

Cristiano Pires não duvida do potencial vinícola do território do Planalto Mirandês e plantou ou reconverteu, nos últimos oito anos, cerca de 42 hectares de vinha, na sua esmagadora maioria situadas na periferia da vila transmontana de Mogadouro, no distrito de Bragança.

"Nós acreditamos no potencial do ‘terroir' do Planalto Mirandês devido ao seu microclima. Com a ajuda de dois experientes enólogos, procedemos à escolha das castas e acreditamos que esta terra tem um grande potencial para fazer vinho de qualidade. Estamos a conseguir bons vinhos que já são premiados e exportados", disse à Lusa o jovem produtor vitivinícola.

Aos 30 anos de idade, Cristiano Pires quer triunfar no mercado nacional e internacional dos vinhos e, para isso, começou a sua preparação em laboratório para conseguir as matérias-primas essenciais ao desenvolvimento de vinho de qualidade com as características específicas das uvas produzidas em vinhas de altitude.

"Eu acredito que não é um risco apostar na produção de vinho no Planalto Mirandês e por isso vou continuar o meu trabalho", afirmou com convicção do jovem produtor.

Se Cristiano Pires cuida da vinha e da vindima, a enóloga residente Rute Gonçalves trabalha em laboratório no sentido de apurar uma levedura específica para os vinhos produzidos no ‘terroir’ desta região ou preparação de vinho Alvarinho.

"E vontade não falta, a confiança é notória", garantem à Lusa os envolvidos no projeto vitivinícola.

A enóloga Rute Gonçalves refere que iniciou uma investigação dedicada à biodiversidade das leveduras existentes na microflora neste território do Planalto Mirandês para a produção dos vinhos Terras de Mogadouro, tendo em vista a obtenção de néctares com características únicas e diferenciados das outras regiões vitivinícolas.

Rute Gonçalves adianta que é importante estudar todos os elementos existente na vinha que vão desde a videira ao processo de fermentação.

"No caso deste estudo, as leveduras foram retiradas do mosto, para assim verificar as suas principais características, para não haver surpresas no produto final, percebendo assim os aromas, a sua resistência ao álcool, ou se vão contribuir para uma boa complexidade ou textura do vinho", concretizou a técnica.

A enóloga está convencida que utilizando leveduras naturais, próprias da cada vinha e durante o processo de vinificação será possível “conseguir um vinho com o seu próprio ADN", vincou.

No que toca as outras experiências, esta empresa agrícola está apostada em produzir vinho da casta Alvarinho, por considerem que há condições climáticas e terrenos com características para esta aposta.

"Esta experiência de produzirmos vinho de castas Alvarinho tem dado bons resultados até ao momento, apesar de não ser uma tradição na nossa região. Uma das grandes características da região vinícola de Trás-os-Montes é grande diversidade de micro climas. Dada a altitude do Planalto, este vinho poderá ter uma expressividade única", explicou a enóloga.

Rute Gonçalves garante que as amplitudes térmicas e a altitude, conferem ao Alvarinho produzido neste território aromas frescos e frutados.

"Vinificamos Alvarinho pela primeira vez, este ano, o vinho ainda está em processo de fermentação. Contudo, pelo que vamos observando, estamos bastante satisfeitos com os resultados", garantiu.

O investimento de Cristiano Pires, nos últimos oito anos, está situado nos dois milhões de euros e vai desde as vinhas à adega, para uma produção anual de 80 mil garrafas de vinho tinto e 20 mil de vinho branco. Porém a ideia "é crescer".

"O nosso objeto é daqui a três anos chegar a uma produção de cerca de 500 mil garrafas por ano", prevê o produtor.

Para os próximos anos está prevista a plantação de mais 30 hectares de vinha nesta exploração situada acima dos 500 metros de altitude.

 

FOTOGRAFIA: Paula Ribeiro

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