A Associação Nacional de Criadores de Suínos da Raça Bísara (ANCSUB), com sede em Vinhais, acusou a Universidade de Coimbra de “embarcar na histeria fundamentalista” ao proibir a carne de vaca nas cantinas.
A associação é a responsável pela raça autóctone que garante a carne de porco ao conhecido fumeiro de Vinhais com proteção e certificação europeia e expressou “preocupação” com as últimas notícias que dão conta de que a carne de vaca será banida das cantinas universitárias de Coimbra, a partir de janeiro.
“Não deixa de nos causar alguma consternação que uma universidade tão prestigiada no nosso país e uma das mais antigas do mundo se deixe embarcar nesta histeria fundamentalista acerca do papel da produção animal nas emissões de CO2”, refere em comunicado a ANCSUB.
Os produtores de Bísaro estranham que uma universidade como a de Coimbra, “ligada a lutas justas que muito ajudaram para o desenvolvimento da sociedade e do país”, queira “agora impor aos seus estudantes uma dieta sem carne de bovino, sem sequer lhes dar oportunidade de escolha”.
A associação transmontana vinca que “a produção animal, principalmente na Europa e, portanto, em Portugal, rege-se por critérios bastante restritos no que concerne à sanidade, bem-estar animal e sustentabilidade ambiental”.
A ANCSUB concretiza que “os produtores têm feito um esforço enorme para se adaptarem às novas regras de produção, optando por modelos de exploração mais extensivos, sendo que as preocupações ambientais estão no centro da sua atividade”.
“É urgente valorizar este esforço e não demonizá-lo”, considera.
Para os produtores da raça Bísara, o que está em causa não é a sustentabilidade ambiental, mas “a sustentabilidade das famílias que direta ou indiretamente vivem deste atividade e que tanto esforço têm feito para aperfeiçoar este setor”.
“E está em causa também a própria existência do mundo rural”, acrescenta.
A associação ressalva que apoia todas as iniciativas que tenham esta preocupação com o ambiente, mas no caso de Coimbra sugere que “seria mais avisado informar os utentes das cantinas dos modos de produção e critérios ambientais subjacentes à carne ali servida e não, pura e simplesmente, banir o seu consumo”.
“Ou fomentar o consumo de carne nacional, que é tão boa. Além de ser boa, ocupa o nosso espaço rural, contribui para a manutenção das pessoas nesse território, contribui para a manutenção da paisagem, das tradições e não tem de atravessar oceanos num transporte, esse sim, responsável pela grande parte das emissões de CO2”, enfatizou.
A representante dos produtores da Raça Bísara manifesta preocupação e solidariedade para com os produtores de ovinos e o apoio à defesa da produção animal, do ambiente, da saúde e do mundo rural.
Na passada terça-feira o reitor da Universidade de Coimbra anunciou que vai eliminar o consumo de carne de vaca nas cantinas universitárias a partir de janeiro de 2020, por razões ambientais.
Segundo o reitor da universidade, Amílcar Falcão, a eliminação do consumo de carne nas cantinas universitárias será o primeiro passo para, até 2030, Coimbra se tornar "a primeira universidade portuguesa neutra em carbono".
A carne de vaca será substituída "por outros nutrientes que irão ser estudados, mas que será também uma forma de diminuir aquela que é a fonte de maior produção de CO2 que existe ao nível da produção de carne animal".