Desde o início da pandemia, provocada pelo Covid-19, que se registaram 123 casos no concelho de Bragança, de acordo com o Relatório de Situação da Direção Geral da Saúde, lançado ontem. Desses casos, mais de 50 tiveram origem entre os profissionais da Unidade Hospitalar de Bragança, que integra a Unidade Local de Saúde do Nordeste (ULSNE).
“Estamos no processo de desconfinamento, o número de infetados no concelho, neste momento, é relativamente baixos, mas há aqui um aspeto que é relevante dizer e que é o seguinte: independentemente dos números de pessoas infetadas que nós conhecemos, é importante perceber qual o foco maior de infeção que surgiu. E qual foi? Foi a ULS, claramente”, afirma, de forma categórica, o presidente da Câmara Municipal de Bragança, sugerindo que “poderia ter havido outro tipo de preocupação inicial”. Até porque, recorda, “foi necessário recorrer a muitas situações para que as coisas pudessem correr como correram e o que teria sido correto e, eventualmente, não teríamos estado nesta circunstância, foi o facto de haver tantos trabalhadores da Unidade Local que foram infetados, pessoas que, ainda hoje, algumas delas, continuam infetadas e com alguns problemas de saúde associados fruto dessa situação também”.
Para Hernâni Dias, os números não mentem. “Temos de concluir aquilo que os números nos dizem e quero aqui realçar que não estou a atirar a culpa para cima de ninguém. Estamos a constatar factos. E foi aquilo que aconteceu. Não podemos apagar os números”, reconhece o edil brigantino, sublinhando que “das 120 e poucas pessoas que nós tivemos infetadas com Covid-19, mais de 50 eram funcionários do hospital”.
“Os problemas que estamos a viver prolongar-se-ão durante muitos mais anos”, antevê Hernâni Dias, referindo-se ao Covid-19
Quanto ao hospital de campanha, resultante de uma aposta clara do município no combate contra o novo coronavírus, será, para já, mantido. “O hospital de campanha continua a trabalhar, continua disponível para o trabalho que é feito pela Unidade Local de Saúde do Nordeste e pela saúde pública e deixe-me dizer, sinceramente, que o hospital de campanha foi o equipamento mais útil neste período da pandemia”, assegura Hernâni Dias, que acredita que “não fosse aquela unidade que ali instalámos e creio que aquilo que teria acontecido em Bragança, provavelmente, teria sido bem pior”.
No que ao futuro diz respeito, o autarca prefere optar pelo realismo, em detrimento do otimismo. “Vou ser um bocadinho realista relativamente a esta questão do Covid, eu acho que não vai terminar amanhã, mas daqui a muitos anos, eventualmente algumas décadas”, antecipa o presidente da Câmara Municipal de Bragança, vaticinando que “tudo aquilo que hoje vai ser feito resultante desta pandemia vai mudar a vida de todos os cidadãos no mundo inteiro durante muito tempo”.