Covid-19: Surto massivo na cadeia de Bragança com um quarto da população prisional infetada

Há cerca de 20 reclusos e sete guardas prisionais infetados pelo novo coronavírus no Estabelecimento Prisional de Bragança, de acordo com informações obtidas pelo jornal Kapital do NordestE.

De acordo com a nossa fonte, o primeiro caso de covid-19 entre os presos terá sido diagnosticado a 27 de novembro. Contudo, a Unidade de Saúde Pública da Unidade Local de Saúde do Nordeste só terá ido à cadeia, pela primeira vez, esta segunda-feira, dia 6, onde esteve todo o dia a testar presos e guardas. No entanto, já existiam seis casos positivos entre os guardas e 12 entre os presos, que haviam já sido transferidos para o Porto. Logo no início da semana, quer os presos, quer os guardas que ainda não haviam acusado positivo, foram testados, então, pela Saúde Pública. Como resultado, terça-feira, contabilizou-se mais “um caso” entre os guardas prisionais e ontem, quarta-feira, soube-se de “mais oito reclusos positivos”, que também já foram transferidos para o Porto, refere a nossa fonte que pediu anonimato e que garante que “há mais de uma semana que andam a transferir presos”.

Com, sensivelmente, 80 detidos no Estabelecimento Prisional de Bragança, estando 20 infetados com covid-19, isso representa um quarto da população prisional. A última informação que recebemos é que um dos infetados que se encontrava no Porto já terá regressado, o que perfaz um total de 62 presos que se encontram, atualmente, na cadeia da capital de distrito.

Há mais de dez dias que guardas e presos estão a dar positivo e com aquilo que aconteceu esta semana, isso significa que o vírus não se eliminou e que podem e devem surgir mais casos”, revela a nossa fonte.

Apesar dos últimos oito presos terem sido transferidos para o Porto, dez que tinham estado em contacto com aqueles que foram transferidos, ficaram em isolamento. Contudo, a nossa fonte teme, agora, que esses que agora estão em isolamento possam, eventualmente, vir a acusar positivo.

A atmosfera dentro do sistema prisional é “de receio”, mas, também, as próprias famílias dos reclusos e, inclusive, dos guardas prisionais, partilham do mesmo sentimento, até pela, aparentemente, simples troca de turnos. Um receio que aliado à "incerteza" do real estado de coisas dentro da cadeia de Bragança tem provocado uma "insegurança" geral entre todos aqueles que, direta e indiretamente, lidam com esta situação. 

Na tentativa de obtermos um esclarecimento cabal sobre aquilo que realmente se passa no interior do Estabelecimento Prisional de Bragança, ligámos ao seu diretor Mário Torrão, que não confirmou nem desmentiu o surto, não tecendo quaisquer comentários sobre o assunto em questão e limitando-se a remeter, apenas, o nosso pedido para a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais.

Conforme nos foi recomendado, ligámos então, por diversas vezes, para o organismo responsável pela prevenção criminal, execução de penas, reinserção social e gestão dos sistemas tutelar educativo e prisional, mas sem sucesso, já que não atenderam nenhuma das nossas chamadas.

A última informação que recebemos é que um dos infetados que se encontrava no Porto já terá regressado, o que perfaz um total de 62 presos que se encontram, atualmente, na cadeia da capital de distrito.

De referir que o estabelecimento prisional da capital de distrito destina-se, essencialmente, a reclusos preventivos à ordem dos Tribunais das Comarcas de Alfândega da Fé, Bragança, Carrazeda de Ansiães, Macedo de Cavaleiros, Miranda do Douro, Mirandela, Mogadouro, Torre de Moncorvo, Vila Flor, Vila Nova de Foz Côa, Vimioso e Vinhais, sendo a sua classificação de segurança média, bem como a classificação do seu grau de complexidade.

 

FOTOGRAFIA: BMF

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