A pandemia de covid-19 alterou rotinas de trabalho e trouxe novas missões ao efetivo do Comando Distrital de Bragança da PSP, que comemorou hoje 144 anos com os condicionalismos e desafios da crise sanitária.
A Polícia de Segurança Pública serve na região do Nordeste Transmontano as maiores cidades - Bragança e Mirandela -, onde os níveis de criminalidade continuam a ser apontados como baixos, mas onde também a PSP teve de se adaptar à nova realidade imposta pelo novo coronavírus, como realçou o comandante distrital, José Neto.
A própria cerimónia de comemoração do aniversário foi “atípica”, sem convidados do exterior e com os 23 agentes condecorados a recolherem por si as medalhas, sem a presença de familiares.
As novas exigências à atuação policial começaram por ser realçadas no discurso que o diretor nacional, Magina da Silva, enviou ao efetivo de Bragança e que o comandante distrital, José Neto, também evidenciou, em declarações à comunicação social, no final da cerimónia.
Desde o início da pandemia que a vivência complicada se materializa desde logo na entrada ao serviço com o higienizar as viaturas, rádios, equipamentos, a colocação obrigatória da viseira, os agentes estarem próximos, mas respeitando o distanciamento físico uns dos outros.
“O próprio contacto com o cidadão, que muitas vezes se aproxima de nós enquanto vítima e não pode haver aquela relação empática, tudo isto alterou rotinas”, acrescentou o comandante.
A PSP passou “a ter que fazer vigilância ativa às pessoas infetadas com o risco que acarreta para cada um dos profissionais, o que é visitar habitações onde estão, às vezes, mais do que um afetado”.
A pandemia trouxe inclusive uma nova ferramenta de trabalho que “é um dispositivo de afastamento e imobilização, uma nova arma que está no elenco das que os policias usam no dia-a-dia”, para ser possível intervir sobre uma pessoa infetada com a distância de segurança necessária, imobilizando-a sem haver contacto físico.
“É evidente que se estivermos perante cenários de violência domestica ou de ofensas corporais graves, a nossa ação é emergente, é rápida e com os risco que pode acarretar, mas por norma hoje somos um bocadinho mais pacientes porque podemos ir ao encontro de uma situação ou de uma residência ou de um individuo que pode estar infetado e que vai pôr em causa toda a instituição”, indicou.
A PSP passou a ser mais um agente de saúde pública na fiscalização e sensibilização, passaram a ter outro tipo de tarefas, até a ação social
“Muitas vezes dar o apoio aos serviços municipais de Proteção Civil naquilo que é a entrega de géneros, perceber que comportamentos é que as pessoas estão a ter para com as ordens emanadas da DGS (Direção-geral da Saúde)”, concretizou.
O comandante distrital não gosta de quantificar o número de elementos que constituem o efetivo distribuídos pelas cidades de Bragança e Mirandela porque “há muita gente que gostava de perceber quantos policias entram por turno para puderem perceber se têm condições para se sentirem mais confortáveis a cometer crimes”.
“Temos os elementos que consideramos necessários, não sendo os suficientes”, resumiu.
A criminalidade decresceu com o confinamento e nas duas cidades, dos novos crimes associados à pandemia, foram registadas “apenas algumas burlas informáticas, algumas associadas a compras ‘online’ e algumas plataformas”.
Os polícias ao serviço nesta região foram afetados no início da pandemia com “quatro casos assintomáticos recuperados ao fim de três semanas”, em Mirandela, e sem registo de mais suspeitas.
No distrito de Bragança foi contabilizado um total de 379 casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus e desde o mês de maio que o número de mortes se mantém nas 24.
Em Portugal, morreram 1.705 pessoas das 49.379 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da DGS.