O presidente da Associação Comercial e Industrial de Miranda do Douro afirma que as populações transfronteiriças "não podem ser apunhaladas pelas costas" de novo com um encerramento das fronteiras com Espanha.
"É preocupante para os territórios de fronteira que os governos de Portugal e Espanha tenham de novo o assunto em cima da mesa, e as populações não podem ser apunhaladas pelas costas com estas decisões. O período que vivemos com o encerramento das fronteiras foi dramático para os empresários e comerciantes", afirmou à Lusa César João.
Para o representante dos comerciantes e industriais do concelho de Miranda do Douro, "não passa pela cabeça de ninguém que o encerramento das fronteiras possa ser uma realidade".
César João considerou que o Governo apresenta “um discurso virado para a dinamização das regiões do interior e depois, na primeira oportunidade que há, fecha-se a porta à entrada do desenvolvimento”.
"Há aqui um profundo contrassenso no discurso nos nossos governantes", vincou.
O território do Planalto Mirandês tem três fronteiras com a província espanhola da Castela e Leão: Três Marras (Vimioso), Miranda do Douro e Bemposta (Mogadouro). Mais a sul, e já no Douro Superior, fica a fronteira de Saucelle, junto a Freixo de Espada à Cinta (distrito da Guarda).
Na terça-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros português afirmou que vai abordar a evolução da covid-19 em Portugal e Espanha com a homóloga espanhola na sexta-feira, destacando o trabalho "de forma muito coordenada" entre os dois países.
"Eu terei o prazer de receber a minha colega espanhola [Arancha González Laya] na próxima sexta-feira, dia 18. Teremos depois a cimeira bilateral entre os dois países, no dia 02 de outubro, e, naturalmente, essas são oportunidades para nós trocarmos informação sobre o modo como estamos a acompanhar a evolução da pandemia e das medidas que todos estamos a tomar para combatê-la", disse à Lusa Augusto Santos Silva.
Questionado sobre a necessidade de uma eventual nova limitação à mobilidade entre os dois países, depois de as autoridades espanholas terem anunciado, na segunda-feira, 27.404 novos casos desde sexta-feira, Augusto Santos Silva sublinhou que as decisões recaem sobre os ministros da Administração Interna de Portugal e do Interior de Espanha.
De acordo com o boletim epidemiológico da Unidade Local de Saúde (ULS) Bragança, publicado hoje, há 106 casos de doença ativa provocada pelo novo coronavírus no distrito de Bragança.
Em Portugal, morreram 1.888 pessoas dos 66.396 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.
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