O presidente da Câmara Municipal de Bragança mostrou-se duplamente satisfeito e preocupado com a já anunciada reabertura das fronteiras com Espanha a partir do primeiro dia do mês de julho.
“Fico satisfeito por abrirem a 1 de junho pela vertente de promoção económica e turística, mas fico com alguma preocupação e apreensão pela vertente sanitária, que é essa que, agora, nos preocupa também muito”, esclarece Hernâni Dias, à margem da apresentação pública dos projetos de recolha seletiva e educação ambiental pela Resíduos do Nordeste, que teve lugar a 5 de junho, na Sala de Atos do Teatro Municipal de Bragança.
A “questão da salvaguarda da saúde pública” é a que mais preocupa o autarca, sobretudo, quando se sabe que, “do lado espanhol, aqui bem próximo, também houve uns focos de infeção tremendamente violentos e nós temos de ter todos os cuidados para que amanhã não venhamos a sofrer com esta reabertura”, adverte.
O edil brigantino “gostaria que as fronteiras abrissem e que pudéssemos retomar aquela que era a atividade transfronteiriça, no sentido de continuarmos a dinamizar a nossa economia por via desta relação”. Até porque o concelho a que preside, “ressente-se”, uma vez que faz fronteira com o país vizinho, já que “os fluxos de pessoas não acontecem da mesma forma que aconteciam antes da pandemia”, sustenta o autarca.
No entanto, Hernâni Dias refere o caso de Miranda do Douro que se encontra numa situação bem mais precária que Bragança, pois é uma localidade cujo comércio e outros setores de atividade vivem, sobretudo, do mercado espanhol.
“Recordo que há municípios como Miranda do Douro que, para poderem atravessar a fronteira, têm de vir a Quintanilha. Isso é, de facto, terrível e há municípios que estão a viver uma situação bem mais complexa porque praticamente dependiam, quase a 100 por cento, dessas relações com Espanha”, observa o presidente da câmara da capital nordestina.
De facto, apesar de grande parte do distrito de Bragança fazer fronteira com Espanha, a verdade é que os municípios raianos que queiram aceder ao país vizinho, são obrigados a deslocar-se a Quintanilha, a única fronteira com passagem limitada, mas autorizada. Casos há em que portugueses a trabalharem em Espanha têm de fazer centenas de quilómetros diariamente só para poderem exercer a sua profissão, não ganhando sequer o suficiente para o combustível consumido nas muitas horas de viagem.
Quanto às preocupações sanitárias resultantes da proximidade com Espanha, o presidente da Câmara de Bragança defende que “a Direção-Geral de Saúde (DGS), que é quem tem a responsabilidade de definir as normas, deverá pensar bem aquilo que pode, efetivamente, fazer para evitar novos fluxos da doença”.
Hernâni Dias entende que “cabe ao Governo central definir essas orientações, testes eventualmente, exigir às pessoas que tenham determinado tipo de comportamentos ou que venham com determinado tipo de equipamentos de proteção para puderem impedir a propagação da doença”.
E é perentório em reiterar que “deve ser a DGS a definir essas orientações, se nos pedirem colaboração, fá-lo-emos com todo o gosto, também não creio que o façam porque nunca nos foi solicitado, mas de qualquer maneira estamos sempre disponíveis para ajudar”.
Recorde-se que o distrito de Bragança não regista novos casos há vários dias consecutivos, somando 259 pessoas infetadas e 24 mortes associadas à Covid-19, segundo dados oficiais, da última sexta-feira.