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Contos, música, dança e jogos em noite assustadoramente feliz

Com o Halloween em mente, uma avalanche de gente, quase 350 pessoas, entre pais e filhos, teve a oportunidade de usufruir de uma atividade inspirada no "medo", mas que é desenvolvida, única e exclusivamente, a pensar nas crianças.

Foi, assim, que na Biblioteca Municipal de Bragança, também conhecida por Biblioteca Adriano Moreira, em homenagem ao grande ícone transmontano, teve lugar na passada sexta-feira, dia 27 de outubro, mais uma edição da Noite Assombrada.

Por entre estantes e livros, num cenário de imensa sabedoria imerso em quase escuridão, negro como se de uma noite sem lua se tratasse, só com uns pequenos apontamentos de luz provenientes das velas que jaziam pelo chão, a soturna atmosfera só acabaria por viralizar com o zeloso contributo dos “artistas de rua” que, trajados a preceito, iam por aqui e por ali assustando as "alminhas" ou mendigando por doces…

Com o background definido e após o toque inaudível das 12 badaladas (ou quase), deu-se início à Noite Assombrada! A música fez-se ouvir, logo à entrada, pautada pela Orquestra Suzuki do Conservatório de Música e Dança de Bragança (CMDB), responsável por acordes gritantes, sob a forma de saudação, extensível a todos aqueles, os muitos, acabados fresquinhos de chegar. Seguiu-se um momento de dança protagonizado pelas, também, não menos intimidantes meninas zombie do Curso Básico de Dança do CMDB.

Mudando, mais uma vez, de espaço, chegou-se, passo a passo, à hora do conto, em que “A mulher do saco” foi interpretado, palavra a palavra, grunhido a grunhido, por Mariana Machado.

Findados os “contos de criaturas mágicas”, a sinuosa multidão de petizes como uma névoa fúnebre, intensamente serena, deslocou-se para o piso de baixo, onde se encontravam um sem fim de jogos, terminando o percurso com uma passagem pela arrecadação da biblioteca, que funcionava como pequeno labirinto, em que cada criança, à saída, era presentada com um pequeno doce dado em mãos por um utente da APADI.

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Apesar desta ser a quarta edição, foi a primeira a contar com duas sessões, uma às 21h30 e outra às 22h30. “Tivemos duas visitas com cerca de uma hora cada, um bocadinho mais, e perto de 350 pessoas. Não era suposto, tínhamos um número limite de inscrições, mas acabou por acontecer…”, admite a responsável e principal impulsionadora da iniciativa, a bibliotecária Ivone Brás que, a continuar assim, no próximo ano, poderá ter mesmo que passar a noite no seu local de trabalho para conseguir saciar tamanha demanda.

Para a bibliotecária “que tanto leu (e ainda não) morreu“, num tom jocoso, em referência à produção feita em sua homenagem, este é o “tão esperado regresso”, após uma pausa forçada pela Covid-19. Isto porque, apesar da Noite Assombrada ter estreado em 2017, esta é, somente, a quarta edição, dado o interregno de três anos, de 2020 a 2022, causado pela pandemia.

A Kapital do NordestE falou, ainda, com a vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Bragança que se revelou uma fã incondicional deste tipo de iniciativas. “O objetivo é dinamizar o livro e criar uma comunidade leitora, desde as idades mais precoces e que vejam, também, no livro e na interação do livro e da linguagem escrita e verbal com outras linguagens como a música e como a dança e fazer deste dia um dia de festa, em que o livro é, de facto, promovido de outra forma, em que há uma interação clara entre as crianças e os próprios pais”, descreve Fernanda Silva, para quem a importância destas atividades para um correto desenvolvimento emocional infantil nunca é demais salientar.

A entrevistada testemunha a criação de “uma rede de afetos”, da qual fazem parte integrante as instituições locais, Instituições Particulares de Solidariedade Social como a APADI, “as estagiárias do ensino profissional que vêm fazendo estágios aqui na Biblioteca, este ano convidámos o Curso de Multimédia da Escola Secundária Abade de Baçal, tivemos aqui quatro estagiários que quiseram participar nesta noite e temos outra entidade que é o Conservatório de Música e Dança, que também participam ano após ano, edição após edição”, exprime, orgulhosa, a vereadora da autarquia brigantina, por constatar a mobilização de várias entidades unidas por um propósito em comum e que, apesar de distintas na sua génese, optam, de livre e espontânea vontade, pela criação de “sinergias” que permitam amplificar os horizontes daquele que é o nosso maior património, as crianças, o futuro do amanhã!

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