Foi este sábado à noite que o Teatro Municipal de Bragança acolheu, em estreia absoluta, o grupo conhecido por Club Makumba.
Em palco, o "Quarteto Fantástico" apresentou, pela primeira vez, temas que só sairão num álbum previsto para 2024, o seu muito antecipado segundo, para além de um single que sairá já esta semana.
"Crystal clear" foi o simples mas, simultaneamente, tão complexo poder da música, que conduziu o público a batimentos rítmicos, de improviso, sentidos, involuntariamente, mas como que em uníssono.
E mesmo quem quisesse estar quieto, contemplando em silêncio os meandros do concerto, que trouxe as sonoridades de África e do Mediterrâneo a um cantinho no norte de Portugal, o tremor de uma música universal falava por todos, como se os aguerridos instrumentos em palco comandassem os nossos corpos, fazendo-os sibilar e retorcer-se ao som das suas tirânicas notas musicais tribais.
Com uma duração prevista de 75 minutos, ainda o concerto ia a meio e já as pessoas faziam dançar as suas cadeiras, balançando irrequietas ou abanando as suas cabeças, para trás ou para a frente, para a esquerda ou para a direita, dos mais novos aos mais idosos, inspirados, certamente, pela loucura sã do saxofone de Gonçalo Prazeres. E que prazer foi ouvi-lo!
Gonçalo Leonardo no baixo e contrabaixo quase que fez com que o teatro viesse abaixo, literalmente.
João Doce, na bateria, marcou o compasso e fê-lo sempre com um sorriso. E Tó Trips, nas suas muitas guitarras, que dispensa apresentações, pelo seu percurso (Dead Combo), mas também pelo jus que faz ao seu nome, cuja alcunha é sinónimo de viagem e foi, precisamente, disso que se tratou. Isto porque, os quatro, em conjunto, concederam-nos o raro privilégio de ter acesso a um mundo paralelo, onde os sons são virtuosos e os ouvintes são muito mais que vácuo como que "obrigados" a integrar o momento, onde ser espontâneo e criativo é, à semelhança de Club Makumba, o maior partido.