Promovida pela Associação Comercial, Industrial e Serviços de Bragança (ACISB), a Semana Gastronómica do Bacalhau regressa à capital de distrito.
São 17 os restaurantes da cidade que decidiram aderir à iniciativa, que acontece de 23 a 30 de março e que de original terá o “Bacalhau à Bragança”.
“Os restaurantes decidiram usar uma receita única, que cada qual recria de acordo com a sua criatividade, com total respeito pelos ingredientes e forma de confeção”, revela a organização.
Este “Bacalhau à Bragança” juntar-se-á às 1001 maneiras de fazer bacalhau e, para além do principal ingrediente, o prato contará com outros não menos importantes com origem no território transmontano como o azeite, as batatas, as cebolas e muitos outros, para além do “colorau” (pimentão moído), uma influência clara vinda da vizinha Espanha, que usa este produto com bastante frequência na sua gastronomia.
“Para além deste prato, obrigatório na ementa, cada restaurante tem total liberdade para estimular a sua criatividade e surpreender o cliente com menus completos ou pratos soltos integrados na ementa”, desvenda a ACISB, ciente de que o bacalhau, não sendo um produto local é, provavelmente, o peixe com maior importância na gastronomia transmontana. A razão é simples. Historicamente era um produto relativamente barato, com enorme facilidade de conservação, nutritivo, saboroso e com uma imensidão de formas de o confecionar, resultando em pratos muito diferentes.
Ainda hoje, nas cada vez mais escassas atividades agrícolas, o bacalhau faz parte da ementa e dos alimentos que se transportam nas merendas que os agricultores levam para os campos. para as merendas no campo. É habitual fazer bacalhau frito e salada de bacalhau, por exemplo, na vindima. Em ambos os casos, sendo um prato principal pode consumir-se frio, o que é mais uma vantagem óbvia.
A verdade é que o bacalhau transformou-se de simples género alimentar em símbolo da identidade portuguesa, de comida socialmente conotada com situações de abstinência e mesmo própria de pobres, em alimento caro e prestigiado no campo gastronómico. O que se observa é que este peixe tem um papel marcante na vida e na cultura dos portugueses, que reconhecem o bacalhau como algo que os remete às suas origens, à sua terra natal, tornando-o parte da memória coletiva de um povo.
Esta importância do bacalhau na nossa gastronomia é bem conhecida em Espanha, grandes apreciadores do produto, que nos restaurantes portugueses manifestam uma visível preferência e muita procura pelos pratos de bacalhau. E é esta a razão comercial que levou a ACISB a promover a iniciativa e criar mais motivos de visita a Bragança, com foco especial na vizinha Espanha que, por tradição, tira férias durante a Semana Santa, tendo maior disponibilidade para viajar e para se deslocar a Bragança por motivos gastronómicos.
Mas na mira dos restaurantes estão também os clientes portugueses e os locais, a quem querem surpreender, usando de tradição, mas também de inovação e criatividade, tentando transformar aquele que, em tempos idos, foi o alimento dos pobres, em escolhas requintadas e sofisticadas, cheias de aroma, cor e sabor.
Lista de restaurantes aderentes:
Marisqueira Fraga Selvagem
Quinta das Queimadas
Quinta Dona Florinda
Restaurante Amadeus
Restaurante Cavaleiro
Restaurante da Quinta do Lagar
Restaurante Emiclau
Restaurante Maria Luís
Restaurante O Acácio
Restaurante O Pote
Restaurante Restaurador
Restaurante Rosina
Restaurante Típico Dom Roberto
Restaurante Tribuna
Taberna do Javali
Tasca Noz
Tasca do Zé Tuga
