A deputada Berta Nunes formalizou ontem a candidatura à federação de Bragança do PS com um número de assinaturas correspondente a cerca de metade do universo de votantes e a apresentação de uma moção em português e mirandês.
Berta Nunes, que é médica de profissão e está prestes a fazer 67 anos, é um dos rostos do PS na região de Bragança, enquanto militante e dirigente local, e concorre às eleições marcadas para 4 de novembro para escolher o sucessor de Jorge Gomes, atual presidente da federação a cumprir o último mandato.
A candidata afirmou à Lusa que tem “uma expectativa muito positiva” de poder ganhar estas eleições tendo em conta que recolheu “mais de 500 assinaturas de propositura”, num universo de cerca de mil militantes com as quotas em dias, que podem participar neste ato eleitoral interno do partido.
Berta Nunes afirmou que conta, também, com o apoio da “grande maioria dos atuais presidentes de câmara” do PS no distrito de Bragança, o que considerou que “é bastante confortável e positivo”.
A socialista já foi diretora da extinta sub-região de saúde de Bragança e presidente da Câmara de Alfândega da Fé, cargo que deixou antes de terminar o terceiro e último mandato para integrar as listas do PS à Assembleia da República, nas legislativas de 2019.
Fez parte do Governo de António Costa como secretária de Estado das Comunidades e, nas legislativas de 2022, foi eleita deputada pelo círculo eleitoral de Bragança, lugar que ocupa atualmente.
O que a leva a candidatar-se à federação do PS “é a disponibilidade atual e vontade de trabalhar com os militantes do Partido Socialista em projetos que sejam uma alternativa positiva para os vários concelhos e para a região”.
Berta Nunes diz que a candidatura que protagoniza “tem muito jovens, tem muita gente motivada para fazer mais e melhor e, por isso, é uma candidatura de renovação, que pretende fazer melhor, trabalhar mais com os militantes, mais proximidade, que haja mais debate interno” para em conjunto definir as prioridades a “defender junto do partido, do Governo e também como deputada na Assembleia da República”.
Os desafios atuais da região estão expressos na moção global que apresentou em português e em mirandês, a segunda língua oficial de Portugal, que consta também do documento no tema dedicado à Cultura.
A candidata justificou a iniciativa com a aposta “em fazer um trabalho de valorização da língua mirandesa porque foi assinada por Portugal no Conselho da Europa a carta das línguas regionais e minoritárias, que agora é preciso ratificar”.
“E nós estamos a acompanhar esse processo que clarifica os compromissos do Governo português em relação às línguas regionais e minoritárias e que é um ponto que nós consideramos importante e, por isso, apresentamos também a nossa moção em mirandês”, declarou.
Na moção estratégica global, Berta Nunes deixa ainda expresso “o apoio ao referendo da regionalização”, que acredita ser uma “reforma que falta fazer e que é muito importante para o desenvolvimento coeso de todo o território nacional”.
As conquistas autárquicas estão também nos horizontes da candidata numa região onde o PS já teve, na década de 1990, dez das 12 câmaras do distrito de Bragança e atualmente tem cinco.
Berta Nunes quer trabalhar com as concelhias e eleitos locais do PS para que o partido cresça e com especial atenção aos três concelhos, todos dominados pelo PSD, onde vai haver transição porque os atuais presidentes atingem o limite de mandatos.
“É um trabalho de base que é importante fazer, desde já porque não se constroem alternativas alguns meses antes das eleições”, considerou.