O impensável terá acontecido ontem, dia 9 de agosto, já ao final da tarde, quando um acidente de trator nas proximidades da aldeia de Veigas de Quintela, acabaria por ferir gravemente o condutor e provocar uma paragem cardíaca a um outro que acabaria por falecer, depois de ter corrido em auxílio do primeiro.
António Gonçalves, pastor de 58 anos, estaria com o seu rebanho de cabras quando terá presenciado a queda do trator pela ravina. Correu para ajudar o condutor, o italiano Josepho Gallio, de 70 anos, mas não conseguiu chegar ao acidentado, tendo ficado entre 100 a 150 metros de distância, após sofrer um ataque cardíaco que lhe provocaria a morte.
“Um ato heroico”, sem dúvida, de acordo com o Segundo Comandante dos Bombeiros Voluntários de Bragança (BVB). “Ele ia tentar ajudar e acabou por sucumbir ao cansaço. Morreu num ato heroico”, manifesta Carlos Martins, enquanto o septuagenário, acrescenta, terá tido múltiplas escoriações nos membros inferiores e “uma dor forte na região do tórax”.
Mas esta operação, nada teve de fácil. Bem pelo contrário. Começou com os Bombeiros de Bragança a irem para o local errado, à semelhança do que aconteceu com o jornalista da Kapital do NordestE. “Às 18 horas, sensivelmente, recebemos um alerta para um acidente de trator em Veigas de Quintanilha. Chegados ao local, verificámos que não existia qualquer tipo de acidente, houve um erro no alerta e verificámos, então, que o acidente seria em Veigas de Quintela. Ou seja, quase 50 quilómetros no outro extremo do concelho”, explica o entrevistado. Como se tratava de uma distância considerável, “em coordenação com o Centro Distrital de Operações de Socorro, solicitámos aos Bombeiros de Macedo que se dirigissem para o local do acidente, pois eles estavam mais perto”, continua.
Mas as complicações não ficaram por aqui. “O acidente deu-se fora da aldeia, numa zona agrícola, de muito difícil acesso, só mesmo com veículos de tração”, relata o Segundo Comandante dos BVB, aludindo ao facto de que houve, realmente, “muita dificuldade em conseguirmos fazer chegar lá, quer as VMER`s, quer as ambulâncias que não tinham tração, pois a indicação que tínhamos era que o acidente teria sido no meio da aldeia e isso não se chegou a verificar”.
No teatro de operações, estiveram seis elementos e duas viaturas dos Bombeiros de Macedo, mais três veículos e nove elementos dos Bombeiros de Bragança, e duas Viaturas Médicas de Emergência e Reanimação (VMER`s), uma do Heli3 de Macedo de Cavaleiros e outra do Hospital de Bragança, tendo esta última declarado o óbito no local.
FOTOGRAFIAS: Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Macedo de Cavaleiros