A arte da seda de Freixo de Espada à Cinta é uma das 14 finalistas das 7 Maravilhas da Cultura Popular

Já são conhecidos os 14 finalistas candidatos às Sete Maravilhas da Cultura Popular, cuja Gala da Declaração Oficial decorrerá em Bragança, no castelo da cidade, já este sábado, dia 5 de setembro

Pelas Terras de Trás-os-Montes, a arte da seda de Freixo de Espada à Cinta sagrou-se a grande vencedora da segunda meia-final do concurso, que teve lugar este domingo em Torres Novas.

O programa transmitido pela RTP1 e RTP Internacional terminou com o apuramento dos últimos sete patrimónios finalistas através da votação popular, não tendo a Festa do Charolo de Outeiro no concelho de Bragança conseguido reunir votos suficientes para se manter na competição.

Os restantes finalistas são a Feira de S. Tiago, na Covilhã, os muros de Pedra Seca, de Porto de Mós, os santeiros de São Mamede do Coronado, na Trofa, a festa da bênção do gado, em Riachos, a Romaria de S. Bartolomeu de Ponte da Barca e as festas em honra da Nossa Senhora dos Remédios, de Lamego.

 

Charolo

Apesar de ser reconhecida como uma tradição de relevo no que à cultura popular diz respeito, a Festa do Charolo de Outeiro não foi bem sucedida na sua qualificação para a Gala Final

 

Já a 23 de agosto, se havia realizado a primeira meia-final na Vila de Salir, durante a qual se qualificaram o bailinho da Madeira, a festa do colete encarnado, o criptojudaísmo de Belmonte, a festa da Espiga, a festa de São João de Braga, a romaria de São João d’Arga e as festas de Santo António de Lisboa.

De sublinhar que a votação dos 14 patrimónios finalistas reiniciará esta terça-feira, dia 1 de setembro, pela manhã, terminando na noite da Gala da Declaração Oficial, a 5 de setembro, "à indicação dos apresentadores da cerimónia da final", que será transmitida pela RTP, em horário nobre, diretamente da Capital de Distrito, Bragança.

Dos 14 patrimónios finalistas apurados nas duas meias-finais, serão, somente, eleitas pelos portugueses 7 das Maravilhas da Cultura Popular® – Sical.

seda

A ARTE DA SEDA DE FREIXO DE ESPADA À CINTA - 760 207 708

 

"A cultura da Seda é praticada em Freixo de Espada à Cinta desde um período anterior ao século XVII e tem-se mantido nos mesmos moldes artesanais até aos dias de hoje. Esta arte desenvolve-se através de um ciclo, que tem início na cultura da amoreira para produção e colheita de folha, o único alimento do bicho-da-seda. A fase seguinte consiste na criação propriamente dita do bicho-da-seda ou sirgo (espécie Bombyx mori), desenvolvendo-se na primavera, em virtude da abundância de alimento (ou seja, folhas de amoreira).

Aqui ocorre a eclosão de ovos conservados desde ano anterior, passando-se às lagartas (bichos-da-seda) e por último, à construção e inserção destas em casulos. Ou seja, durante este período, os bichos-da-seda alimentam-se vorazmente de folhas de amoreira que artesãs diariamente lhes fornecem.

Após cerca de 40 a 50 dias de crescimento e já por entre ramos de arçã colocados para o efeito, iniciam a construção dos seus casulos de Seda, onde ao fim de 3 dias se introduzem. Nesta etapa, procede-se então à seleção destes casulos já constituídos, sendo que uma minoria se destina ao nascimento de borboletas para efeitos de postura de ovos para criação de uma nova geração de bichos-da-seda.

Os demais casulos são utilizados para a produção de Seda propriamente dita, extraindo-se dos mesmos um filamento que vai dar origem a este nobre produto. O processo consiste em mergulhar os casulos numa caldeira de cobre com água a 90 graus, que permite desenrolar um finíssimo fio, cujo comprimento tem cerca de mil metros. Sucedem-se assim várias fases de produção/tratamento de Seda artesanal que passam por instrumentos diversos, como o sarilho (usado para a extração da Seda), a dobadoura (onde se doba o fio), o rodeleiro (que juntamente com o cubilho permite engrossar o fio), o fuso (para torção), de novo a caldeira (agora com água a ferver e sabão natural, para branquear a Seda) e, finalmente, o trabalho no tear. É no tear que então são criados vários produtos artesanais, tais como echarpes, colchas, almofadas, tapetes, quadros, etc., sendo possível conhecer este artesanato através de tecedeiras do concelho, assim como visitando o Museu da Seda e do Território onde aí laboram.

A Arte da Seda é pois uma cultura fortemente identitária do concelho não só nos dias de hoje, bem como no passado, dado que no século XVIII Trás-os-Montes estava transformado num grande centro comercial da Seda e Freixo de Espada à Cinta representava um nicho fulcral para o desenvolvimento desta arte ancestral em Portugal e em todo o território ibérico.

Desde os tempos de outrora até aos dias de hoje que a Seda de Freixo de Freixo de Espada à Cinta é conhecida pelo Mundo inteiro. Em 2018, o Presidente da China, Xi Jinping, na sua visita que fez a Portugal, distinguiu esta arte referindo que “Freixo de Espada à Cinta, um município no nordeste de Portugal, adotou, desde cedo, as técnicas da sericultura e da fabricação do tecido que vieram da China, e por isso é conhecido como a “terra da seda””.

A arte de trabalhar a seda foi passando de geração em geração, tendo sido um meio de subsistência de muitas famílias freixenistas. Dado o seu caráter diferenciador, presentemente representa um valor único e real para a localidade e para a região, tendo bastante impacto na economia local, visto que permite que os visitantes realizem turismo cultural e tradicional, através de experiências no Museu da Seda e do Território, de autenticidade única local, onde é possível adquirir produtos derivados da seda e ver in loco as tecedeiras a produzirem peças de seda artesanais."

 

In https://7maravilhas.pt/

 

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