A falta de emprego, racismo e discriminação, mobilidade na CPLP, vistos e acesso à saúde visual foram algumas das questões que os alunos do Instituto Politécnico de Bragança (IPB) colocaram ao primeiro-ministro, no âmbito da iniciativa “Governo Mais Próximo”.
Uma comitiva governamental, liderada por António Costa, participou a semana passada, em Bragança, num encontro com estudantes e investigadores do IPB.
A falta de emprego e de saídas profissionais foi um dos temas abordados pelos participantes e o chefe do Governo aproveitou para anunciar que, no Conselho de Ministros de quinta-feira, seria aprovado um conjunto de diplomas relacionado com a criação de emprego, precisamente nas regiões do Interior. Um desses diplomas destina-se ao "emprego qualificado", especificou.
“Para além do emprego científico que foi criado nas universidades, nos politécnicos e centros de investigação, é muito importante criar emprego qualificado junto do tecido económico”, referiu António Costa.
Um aluno cabo-verdiano trouxe ao debate o tema do racismo e discriminação e falou sobre o caso polémico de uma mulher que terá sido, recentemente, agredida por um polícia.
António Costa sublinhou que o IPB, onde estudam pessoas de 70 nacionalidades diferentes, “é a melhor escola que pode existir” para se aprender a conviver com pessoas de diferentes raças e culturas.
“Essa é a base da prevenção e do combate ao racismo e à xenofobia e não toleraremos quem quer discriminar em função de origem, da cor da pele, religião, qualquer tipo de discriminação é absolutamente intolerável”, frisou.
Quanto ao caso em concreto, o primeiro-ministro lembrou que está “sob inquérito, investigação”. “Não podemos pegar num caso e generalizá-lo” e “não podemos viver em sociedades de estigmas” foram algumas das mensagens deixadas por António Costa.
Outra aluna de Cabo Verde falou sobre a dificuldade na obtenção de vistos e perguntou para quando a livre circulação no seio da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Integram a CPLP Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
“Eu espero que se torne uma realidade a partir da cimeira da CPLP que terá lugar este ano em Luanda (Angola)”, sublinhou o chefe do Governo.
Costa disse ainda que se pretende ir “diminuindo a burocracia e as exigências relativamente às concessões de vistos”.
"Temos feito isso para docentes, para investigadores, e fizemos, a partir deste ano, para estudantes do ensino superior", referiu.
A dificuldade de acesso à saúde visual foi outras das questões colocadas pelos estudantes.
O primeiro-ministro disse que a aposta é que, nas unidades de saúde familiar, haja cada mais acesso à saúde visual e elencou o rastreio às dificuldades de visão, que já está a ser feito nas escolas, e ainda a introdução do “vale óculos”, para “tornar acessível a aquisição de próteses oculares”.
Antes da sessão com os alunos, o chefe do executivo visitou o Centro de Investigação em Digitalização e Robótica e uma mostra de projetos de transferência tecnológica para empresas.
Nesta visita, António Costa esteve acompanhado pelo ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira, do ministro do Planeamento, Nelson de Souza, o ministro da Ciência, da Tecnologia e do Ensino Superior, Manuel Heitor, a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, e três secretários de Estado.
O executivo socialista esteve quarta e quinta-feira no distrito de Bragança, onde arrancou com a iniciativa "Governo mais próximo", que incluiu visitas à região de ministros e secretários de Estado e uma reunião do Conselho de Ministros, "cuja agenda foi maioritariamente dedicada à valorização do Interior".
FOTOGRAFIA: BMF