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Vinhais é dos concelhos mais mal servidos de rede móvel e Internet

O concelho raiano de Vinhais, no distrito de Bragança, é das situações mais graves de falta de rede móvel e Internet que o regulador detetou no país e sem solução imediata, segundo dados divulgados ontem.

A Autoridade Nacional de Comunicações, Anacom, apresentou ontem na vila transmontana um estudo de diagnóstico do concelho, feito entre 27 de setembro e 08 de outubro, e concluiu que Vinhais é dos concelhos mais mal servidos de rede móvel e Internet.

Mais do que estudos, precisamos de resolver os problemas”, disse o presidente da Câmara de Vinhais, o socialista Luís Fernandes, diretamente ao responsável da Anacom, pedindo soluções para os cerca de sete mil habitantes do concelho dispersos por uma vasta área.

Os técnicos da Anacom fizeram, em oito dias, 800 quilómetros e confirmaram “aquilo que a população do concelho de Vinhais já sabia”, como reconheceu o presidente da autoridade, João Cadete.

O diagnóstico aponta que “há uma parte importante do concelho que não tem acesso à rede móvel”.

Em cada cinco chamadas que foram feitas, uma falhou, e a situação ainda é mais grave do ponto de vista do acesso à Internet porque em mais de 50 por cento dos casos não foi possível estabelecer ligação e, mesmo nos que foi possível, a velocidade é muito baixa”, concretizou.

João Cadete concluiu que Vinhais “talvez tenha sido o concelho em que a situação é particularmente grave e tem urgência em ser corrigida”, entre os que têm sido estudados por todo o país.

Prazo concreto para a resolução dos problemas, não há, mas o presidente da Anacom mostrou-se otimista de que o recente leilão do 5G venha a alterar o atual quadro, devido a algumas obrigações impostas às operadoras.

Segundo disse, as operadoras estão obrigadas a corrigir as deficiências de cobertura, garantindo que até ao final de 2023, dentro de dois anos, “75% da população de cada freguesia tem que ter um mínimo de velocidade de download de 100 MB”, número que sobe para 90% em 2025.

ANACOM

No dia de ontem, na sala do auditório onde decorreu a apresentação do estudo, em Vinhais, o máximo obtido era de oito megabytes (MB).

A solução mais imediata pode estar numa outra imposição do leilão que é a partilha de antenas pelas operadoras, o chamado roaming nacional, em que o cliente de qualquer rede tem sinal desde que exista uma antena de uma operadora.

Trata-se de uma alteração que pode ser feita “com a entrega das licenças no início do próximo ano”, segundo o presidente da Anacom, que apelou aos operadores para fazerem os acordos de partilha das suas redes.

Se hoje já houvesse acordos de roaming nacional, no concelho de Vinhais teríamos imediatamente uma melhoria da cobertura e os clientes de qualquer operador teriam uma melhoria da cobertura”, considerou, acrescentando que acabaria também com o atual “paradoxo” de estas populações raianas utilizarem as redes espanholas por falta de resposta nacional.

Aquilo que o presidente da Câmara de Vinhais, Luís Fernandes, exige é que os problemas sejam resolvidos porque os prejuízos para o concelho da atual realidade são vários, como elencou o autarca.

Desde logo o impacto económico, pois “há empresas e pessoas que não se instalam aqui porque não têm forma de trabalhar a nível das telecomunicações”.

As lacunas notam-se também na Educação e foram realçadas pelos confinamentos da pandemia, com as aulas à distância.

Se não fosse o município a suportar e a ajudar, os alunos não tinham acesso àquelas condições de ensino”, apontou o presidente da Câmara.

Na Saúde também há queixas num concelho com a população dispersa por um vasto território e onde “por vezes as pessoas precisam de chamar alguém, ligar aos bombeiros ou de qualquer tipo de socorro e isso não é possível porque não têm rede”.

ANAC

Os prejuízos são enormes em todas as áreas e é preciso corrigir isto de uma vez por todas”, vincou.

Sobre as soluções apresentadas pela Anacom, o autarca entende que são “tempos muito distantes, em 2023”.

Até a obrigação de garantir 75% de cobertura é motivo de dúvida para Luís Fernandes, que antevê o que sempre acontece no país: “de certeza absoluta que vão começar pelas freguesias que têm mais população e as nossas, como têm menos, vão provavelmente ser as últimas e aquilo que devia ser feito é precisamente o contrário”.

Mesmo na questão que podia resolver mais depressa alguns problemas, o roaming nacional, o autarca não percebe como é que ainda não houve e não há “legislação que obrigue as operadoras” a fazer a partilha de equipamentos.

O município de Vinhais ficou sem resposta à reivindicação comum a outros concelhos do interior para que a rede 5G arrancasse nestes territórios, mas insistiu que, numa altura em que “tanto que se fala no Plano de Recuperação e Resiliência, esta era uma forma de também ajudar estas regiões”.

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