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Festa da Cabra e do Canhoto promete transportar ao misticismo do passado corajosos que rumem até Cidões

É já no sábado, dia 4 de novembro, que a pequena aldeia de Cidões com cerca de 20 habitantes irá celebrar a tradicional Festa da Cabra e do Canhoto, considerada por muitos como a “verdadeira noite de Halloween” do Nordeste Transmontano.

Trasgos, deusas e druidas e outras figuras fantásticas como o diabo e o Druida, vão invadir e pintar de misticismo e magia a pequena aldeia de Cidões”, revela a organização, que tudo faz para promover esta tradição de "origem milenar", não a deixando nunca cair no esquecimento. E apesar da dimensão desta pequena aldeia do concelho de Vinhais, esta celebração parece crescer de edição para edição, recebendo, anualmente, milhares de pessoas, vindas de todos os cantos do território e, inclusive, do estrangeiro.

Facto é que nos últimos anos, a festa de forte tradição celta tem vindo a consolidar-se, de forma ímpar, devido não só ao esforço e dedicação dos “filhos da terra”, mas graças, também, ao trabalho e empenho da Associação Raízes d`aldeia de Cidões.

De acordo com o presidente da direção, a recém-adquirida dimensão do evento “aumenta as exigências e até a profissionalização, que começa a acontecer nesta edição de 2023”, mas, no fundo, o mais importante, é “receber cada vez melhor quem vem de fora”, sublinha José Taveira, até porque, “todos os anos recebemos mais de duas mil pessoas e acreditamos que este ano não será diferente”.

Quanto à festa em si, tomará de assalto, garantidamente, toda e qualquer rua por onde passe cortejo celta, contando, para o efeito, com o grupo de animação de Santa Maria da Feira Aninamos, onde atuam os trasgos, o Teatro Filandorra e os grupos de Gaitas de Fole e bombos Encharca o Fole e Gaiteiros de Zido.

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O programa terá início às 19 horas com toda a aldeia decorada a preceito com motivos celtas, velas e estrelas flamejantes. O antigo largo da Eira continua como palco principal, sendo, este ano, um espaço maior e, em caso de chuva, os visitantes poderão contar com uma tenda para se abrigarem da intempérie.  

As muito requisitadas tasquinhas saciarão a sede dos foliões com bebidas típicas desta festividade, desde vinho, à sangria e aos licores celtas, já para não falar dos petiscos tradicionais como a linguiça, a alheira, o caldo verde, bifanas, presunto e, claro está, a feijoada à Cidões. E se há algo que não pode faltar na Festa da Cabra e do Canhoto é a cabra machorraInfértil”, cozinhada em enormes potes de ferro na fogueira.

A “cabra machorra” representa a mulher do diabo que não deu qualquer descendência. Queimamos o Diabo e comemos-lhe a mulher. Temos 14 cabras”, adianta José Taveira, garantindo que, também, não irá faltar, “à descrição”, “queimada, úlhaque (bebida espirituosa celta confecionada na aldeia) e café no pote com a brasa”.

Seguir-se-á o acender da “enormefogueira com o Canhoto, onde, ao final da noite, arderá o “cabrão”, figura escultórica de sete metros de altura, construída pelos alunos e professores do Grupo Disciplinar de Educação Visual e Educação Tecnológica, do Agrupamento de Escolas D. Afonso III, que são, também, os responsáveis pela criação de “cabrões” em miniatura.

Acende-se a estrela gigante e grupos de gaiteiros e danças celtas vão animar a festa em permanência, misturando-se com os visitantes”, desvenda a organização, que convida todos a “virem vestidos com roupa celta, para se envolverem plenamente no misticismo desta original tradição”.

A festa continua com um dos momentos mais aguardados da noite, quando o “Druida e as suas deusas fazem o esconjuro e preparam a queimada, afastando os males do corpo e da alma, invocando prosperidade, fertilidade e sorte para a “estação escura” o inverno frio que se avizinha”, descreve a Associação Raízes, que vê nesta celebração ritualística uma forma de perpetuar a tradição.

Por volta das 23 horas será o tempo de queimar o “cabrão” ou “bode gigante”, empurrado pelas “deusas para a fogueira do Fogo Sagrado”. E é a queima do bode e o repasto de cabra machorra que despertará a “ira do diabo que pouco mais tarde há-de descer pela aldeia, em cima de um carro de bois, puxado pelos rapazes da terra”, antecipa a organização, anunciando que o “carro de bois com as tarraxas bem apertadas, que chia assustadoramente”, tornará, indubitavelmente, o momento “mais aterrorizador”. E será, por esta altura, que o Druida e o diabo travarão uma “luta feroz”, naquele que é o momento alto da festa, sendo o demónio “expulso da aldeia para voltar só na noite de 31 de outubro do ano seguinte”, conta a tradição que diz que, “até lá, toda a aldeia e todos os presentes estão protegidos de todos os males, inveja, azares e má sorte”.

Já de madrugada, num ritual reservado aos filhos da terra, a aldeia será “virada do avesso”, avança José Taveira, até porque “na Festa da Cabra e do Canhoto, nada fica como era em Cidões! Tudo melhor!”.

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