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Associação AMICA defende que mais do que nunca se justifica um canil em Bragança

A associação de defesa dos animais AMICA afirmou ontem que, agora mais do que nunca, se justifica a criação de um canil em Bragança, depois da entrada em vigor da lei que proíbe o abate de animais saudáveis.

A associação, que se dedica à causa animal há dez anos em Bragança, considera que a nova legislação tornou mais evidente a necessidade deste equipamento na maior cidade da região, que partilha com Mogadouro, Vimioso e Miranda do Douro o centro de recolha intermunicipal localizado em Vimioso.

Este centro está lotado e, embora a AMICA reconheça que não são visíveis mais animais errantes desde a entrada em vigor da legislação, entende que é o momento de a Câmara Municipal de Bragança avançar para a construção do canil que a associação tem vindo a reivindicar.

Não faz sentido nenhum Bragança não ter um centro de recolha”, insistem em declarações à Lusa Isabel Rego e Olinda Baptista, duas das seis voluntárias que trabalham permanentemente na associação.

Alegam que, “ainda que se vejam pouco na rua, há animais abandonados” e “era preciso um centro de recolha oficial em Bragança que promovesse adições, com mais espaço para albergar os animais e mais próximo da população”.

Segundo dizem, em Bragança, a Câmara Municipal tem apenas três boxes para recolha temporária dos animais até o carro do canil intermunicipal passar, uma vez por semana, para os levar para Vimioso, a cerca de 50 quilómetros.

O canil, à semelhança de todos no país, está cheio e a AMICA disponibiliza-se a trabalhar em parceria se Bragança construir um equipamento na cidade que estima seria possível com um orçamento de “cerca de 150 mil euros”.

Isabel lembra que “os municípios tiveram dois anos para se preparar para a nova lei e ainda ninguém fez nada, nem novos nem aumentos nos atuais” centros de recolha.

Sobra, como dizem, para as associações de voluntários como a AMICA, que tem um protocolo com o Instituto Politécnico de Bragança (IPB), que lhes disponibiliza uma box que está cheia com sete cães.

Outros animais a que acodem são recolhidos por Margarida Ferreira, conhecida em Bragança pelo trabalho de apoio a cães abandonados e construiu um espaço para os recolher.

As “cinco ou seisfamílias de acolhimento são outro apoio com que contam e que tem permitido ir resolvendo as solicitações.

Olinda nota também que “as pessoas estão mais sensibilizadas” para a questão do abandono e sinalizam os casos que encontram, mesmo nas aldeias.

A AMICA tem, também, protocolos com os veterinários da cidade, que facilitam os tratamentos e esterilizações como as 200 que fizeram nos últimos dois anos.

Com gastos na ordem dos 12 mil euros por ano, é com donativos que a associação cobre as despesas, assim como com eventos ou rifas, e o subsídio de 2200 da Câmara Municipal e de 200 euros da União de Freguesias da Sé, Santa Maria e Meixedo.

As duas voluntárias dizem que as pessoas continuam a não saber a quem se dirigir quando encontram um animal abandonado ou doente apesar de existir um protocolo entre a Câmara Municipal, PSP, bombeiros e veterinários para um trabalho em rede, em que basta um telefonema para a Polícia para acionar os mecanismos oficiais.

Para o presidente da Câmara de Bragança, Hernâni Dias, a solução para a realidade criada pela nova lei tem de passar pelo Governo.

O que se impunha era que, se o Governo pretende que as coisas assim sejam feitas, então que arranje formas de os municípios serem financiados para puderem construir novos centros de recolha oficiais ou ampliar os existentes e garantir que efetivamente todos os animais são devidamente acolhidos, tratado e que as populações também são bem servidas”, afirmou à Lusa.

Hernâni Dias sustentou que “aquilo que foi definido em legislação provoca problemas de salubridade, de segurança e obviamente coloca uma pressão enorme sobre os municípios, nomeadamente a nível financeiro, uma vez que a manutenção dos animais dentro dos canis têm implicações de custos significativas porque é necessário garantir a sua saúde sanitária, a alimentação, todos os tratamentos médico-veterinários”.

O autarca disse que em Bragança ocorre “aquilo que foi sentido a nível nacional, verificou-se maior presença de animais nas ruas abandonados, porque os canis estão completamente lotados e não se consegue dar acolhimento a todos” os animais.

Ainda assim, assegurou que em Bragança neste momento “a situação está mais ou menos controlada, não têm acontecido grandes problemassem a presença de matilhas, o que, sublinhou o autarca, não quer dizer que no futuro “isso não possa acontecer”.

 

FOTOGRAFIA: BMF

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